Fico impressionada com a quantidade de gente tosca que ficou milionária se vendendo como influenciador de negócios, finanças e carreira. Esse pessoal descobriu um filão de pessoas carentes de conhecimento na área e propensa a comprar ilusões sobre riqueza e sucesso. E uma das maiores ilusões que existem hoje em dia é a de que sucesso se mede pela aparência.
Dias atrás, uma dessas figuras escancarou quanto é raso seu pensamento, se ocupando de falsas equivalências e analogias burras para convencer desavisados sobre como medir o sucesso de alguém. Esse fulano foi filmado durante uma suposta conversa casual (que na verdade era produção de conteúdo para um podcast) e entre várias afirmações questionáveis, declarou que se você não estiver usando um relógio de 50 mil reais no pulso, você fracassou na vida.
Nada é mais cafona do que medir relevância e sucesso por meros objetos de ostentar. É coisa de gente brega, pobre de espírito e insegura. Só acredita que um objeto traz respeito e aceitação quem tem uma necessidade quase adolescente de autoafirmação. A verdade é que o que tem valor de verdade não pode ser comprado, precisa ser conquistado.
Tornar-se alguém que é levado a sério só pode ser alcançado por meio de conhecimento, experiência, resultados: é isso que vai trazer real iração e prestígio. Se numa sala estiverem juntos Bill Gates (que geralmente usa um relógio Casio de 100 dólares) e certa figura controversa do judiciário (que usa um Patek Phillipe de cem mil dólares), com quem você realmente gostaria de ar uma hora conversando? Pois é. A percepção de valor de uma pessoa vai muitíssimo além do que ela ostenta na aparência. Outro dia vi uma foto do CEO de uma das empresas mais bem-sucedidas no Brasil, alguém que transformou uma pequena fábrica de motores elétricos numa multinacional que vale bilhões. Ele vestia uma roupa simples e um relógio comum. Alguém deixaria de ouvir o que esse senhor tem a dizer porque ele não estava usando um Rolex?
Esse papo-furado de coaches e de influencers está criando uma geração de jovens profissionais endividados que acham que podem pagar em prestações no cartão de crédito prestígio, iração, respeito e um lugar à mesa das grandes conversações. Compram bolsas, gravatas e roupas de grife, carros de luxo, estadias em hotéis 5 estrelas, jantares em restaurantes com estrela Michelin sem realmente ter poder aquisito para tanto, só porque acreditam que ar uma imagem de sucesso já é ser considerado bem-sucedido. Tolos.
Nas rodas que realmente importam, um tipo desses pode até ter um Patek Philippe no pulso, mas só vai impressionar gente tão vazia quanto ele. Dinheiro por si só não conquista valor. No mundo de quem dita os rumos do mundo, se valorizam experiências significativas, cultura, conhecimento, leituras, um bom vocabulário.