
O Juventude segue em sua caminhada dentro da Série A do Brasileiro, mas não há um torcedor alviverde que não esteja preocupado, intrigado, esperançoso ou até mesmo confiante com o assunto SAF.
Trata-se de um tema fundamental para o futuro do clube e da instituição, e é natural que ocorram discordâncias, pontos mais polêmicos e, principalmente, debates. E talvez o mais importante para o Juventude hoje seja tratar o assunto com transparência, com o seu conselho, dirigentes e torcedores.
Hoje, dentro do que foi apresentado oficialmente, vejo uma proposta que pode vir a ser positiva, mas com importantes ressalvas sobre patrimônio. São os ajustes necessários em todo e qualquer negócio gigante, como é o caso.
A questão número 1 ao projetar o futuro é que o Juventude, para se manter saudável financeiramente, independente da série nacional que dispute, precisará de um aporte externo. Hoje, com a estrutura que tem, uma queda pra Série B ou, pior, pra Série C, seria um baque enorme. E nem os patrocinadores atuais, nem a torcida, nem as verbas de TV mudam isso.
E aí, seja com a Five Eleven ou outra parceira, é importante que se criem subsídios para que uma nova derrocada não ocorra. E isso a pelo incremento de valores, além do que já existe atualmente.
A permanência na elite garante a estabilidade e a autossuficiência. Foi assim em quatro dos últimos cinco anos. Mas, até quando dá pra competir em pé de igualdade com times com orçamentos tão superiores?
Daqui a três, cinco ou 10 anos, o Juventude terá capacidade de se manter na Série A pelas próprias pernas? Essa pergunta talvez só exclua hoje o trio Flamengo, Palmeiras e Corinthians — o último porque gasta e segue com uma dívida gigantesca. A dupla Gre-Nal logo viverá o mesmo dilema.
Ao mesmo tempo, é preciso cautela. E, ao que me parece, pelo menos no discurso de quem está à frente das negociações, existe esse mesmo discernimento. Se um investidor não vai colocar um determinado valor para ter prejuízos, e quer garantias, cabe ao clube e seus dirigentes também encontrarem meios de preservarem o que foi construído até aqui.
O Juventude pode não ter a força e o tamanho de gigantes do futebol brasileiro. Por outro lado, não tem dívidas tão exorbitantes que impactem o seu presente e o seu futuro imediato. Ou seja, é possível realmente negociar como uma entidade que tem um enorme potencial de crescimento, tem uma base consolidada e se estruturou fisicamente nas últimas temporadas para continuar neste processo de evolução.
Essa conversa ainda deve ir longe. Mas dialogar, mostrar o que está sendo pensado (dentro do que se pode em uma negociação como essa), e ser transparente com o torcedor é o melhor caminho.