
O céu brasileiro recebe nesta primeira semana de maio o ápice de um dos espetáculos astronômicos mais aguardados do ano: a chuva de meteoros Eta Aquáridas.
Na última terça-feira (29), o fenômeno já foi visível no céu gaúcho. Mais de 150 meteoros foram registrados no Rio Grande do Sul.
A atividade celestial ocorre anualmente quando a Terra cruza a trilha de detritos deixada pelo famoso cometa Halley. O pico será entre esta segunda (5) e terça-feira (6), com boas condições para observação.
Segundo o astrônomo Marcelo de Cicco, coordenador do projeto Exoss e colaborador do Observatório Nacional (ON/MCTI), o melhor horário para assistir ao fenômeno será entre 2h e 4h da manhã.
Durante esse período, recomenda-se que o observador olhe na direção leste e escolha um local escuro, longe das luzes da cidade.
Até 60 meteoros por hora
Até o início da manhã desta terça (6), a Lua não deve atrapalhar a visualização, já que se põe antes do amanhecer. Após essa data, a luminosidade poderá interferir, conforme o calendário lunar.
No Hemisfério Sul, especialmente no Brasil, a observação deve ser privilegiada, com o radiante — ponto de origem aparente dos meteoros — localizado alto no céu.
Em condições ideais, será possível ver até 60 meteoros por hora. Já no Hemisfério Norte, o número varia entre 10 e 15.
Como observar a Eta Aquáridas
Não é necessário utilizar telescópios ou binóculos. O ideal é deitar-se em uma cadeira reclinável ou no chão, mirar o céu aberto na direção da constelação de Aquário e ter paciência.
O tempo de adaptação dos olhos à escuridão pode levar de 15 a 20 minutos. Para maior conforto, recomenda-se ainda levar cobertores ou cadeiras e escolher noites de céu limpo e sem nuvens.
De preferência, sem poluição visual ou interferência de iluminação artificial. Em Porto Alegre, a tendência é de céu parcialmente nublado, o que deve facilitar a visibilidade em alguns locais.
O que são chuvas de meteoros?
As chuvas de meteoros ocorrem quando fragmentos de cometas ou asteroides, chamados meteoroides, entram na atmosfera terrestre em alta velocidade.
Esse processo gera o fenômeno luminoso conhecido como meteoro ou "estrela cadente". No caso da Eta Aquáridas, cada traço brilhante visto no céu é um pedaço do cometa Halley queimando ao atravessar a atmosfera.
Além de sua beleza, as chuvas de meteoros têm a sua importância científica. Elas ajudam a estimar o volume e a frequência da entrada de detritos na Terra, informações essenciais para a proteção de satélites e espaçonaves.
Por fim, também contribuem para estudos sobre a formação do Sistema Solar e as características físicas dos cometas.
Cometa Halley
O cometa Halley, oficialmente designado 1P/Halley, completa uma órbita ao redor do Sol a cada 76 anos. Foi visto pela última vez em 1986 e só retornará ao interior do Sistema Solar em 2061.
Ao ar próximo ao Sol, parte de sua superfície evapora e libera partículas de poeira e rocha, que permanecem no espaço e originam as chuvas de meteoros Eta Aquáridas, em maio, e Oriônidas, em outubro.
Chuvas de meteoros de 2025
- Alfa Capricornídeos: ativa de 3 de julho de 2025 a 15 de agosto de 2025. O pico para visualização ocorre em 30 de julho, com estimativa de 5 meteoros por hora.
- Delta Aquáridas: ativa de 12 de julho de 2025 a 23 de agosto de 2025. O pico de visualização do fenômeno é 30 de julho, com registros de 25 meteoros por hora.
- Perseidas: ativa de 17 de julho de 2025 a 24 de agosto de 2025, com pico de visualização em 12 de agosto, chegando a 150 meteoros por hora
- Dracônidas: ativa de 6 de outubro de 2025 a 10 de outubro de 2025, com pico de visualização em 8 de outubro. São esperados 10 meteoros por hora
- Oriônidas: ativa de 2 de outubro de 2025 a 7 de novembro de 2025, com pico em 22 de outubro
- Tauridas: ativa de 10 de setembro de 2025 a 20 de novembro de 2025, com pico de visualização em 10 de outubro, registrando até cinco meteoros por hora.
- Leônidas: ativa de 6 de novembro de 2025 a 30 de novembro de 2025. O pico para visualização do fenômeno será em 17 de novembro, com até 15 meteoros por hora.
- Geminídeas: ativa de 4 de dezembro de 2025 a 20 de dezembro de 2025. O pico para a visualização do fenômeno é 14 de dezembro, com registros de 120 meteoros por hora.
- Úrsidas: ativa de 17 de dezembro de 2025 a 26 de dezembro de 2025. O pico para visualização do fenômeno acontece em 22 de dezembro, com estimativa de 10 de meteoros por hora.
Calendário astronômico de 2025
Eclipses
Em 2025, o fenômeno acontece quatro vezes, tanto na forma solar quanto na lunar. A diferença está na posição dos astros.
No eclipse solar, a Lua está posicionada entre a Terra e o Sol. No momento do alinhamento entre os corpos celestes, o satélite consegue "tapar" o brilho solar, escurecendo os céus parcial ou totalmente.
Já no eclipse lunar, a disposição é ao contrário: é a Terra que está entre o Sol e a Lua. Nesses casos, grande parte da luz solar a pela atmosfera e atinge a superfície da estrela que orbita nossa planeta.
Quando a Lua se move para a parte interna da sombra da Terra, o brilho do Sol ilumina a superfície lunar por completo.
Já aconteceram dois eclipses em 2025. Os restantes ocorrem nas seguintes datas:
- 7 a 8 de setembro: Eclipse lunar total (não visível no Brasil)
- 21 de setembro: Eclipse solar parcial (não visível no Brasil)
Superluas
A superlua ocorre quando a Lua Cheia coincide com o perigeu, seu ponto de órbita mais próximo da Terra, o que a torna cerca de 14% maior e 30% mais brilhante do que uma Lua Cheia comum.
Em 2025, o evento deve acontecer três vezes, nos dias 6 de outubro, 5 de novembro e 4 de dezembro.
Cometas
Após a agem do C/2023 A3 Tsuchinshan-ATLAS, conhecido como "cometa do século", em 2024, será possível observar outros três fenômenos do tipo neste ano. Um já ocorreu, em fevereiro. Restam dois:
- 210P/Christensen: o período de visibilidade será de outubro a dezembro, sendo visível por meio de telescópios.
- 24P/Schaumasse: será necessário o uso de pequenos telescópios para visualizar o cometa previsto para os meses de dezembro a janeiro de 2026