O primeiro a ser interrogado foi o ex-ajudante de ordens da Presidência da República Mauro Cid, que tem acordo de delação premiada com a Justiça. Depois dele, os réus são ouvidos por ordem alfabética, começando pelo deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, que prestou depoimento também na segunda.
Nesta terça-feira, o almirante Almir Garnier Santos foi o primeiro a prestar depoimento. Depois foi interrogado Anderson Torres. O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, só concordou em responder ao questionamentos de sua defesa.
O interrogatório de Braga Netto, general da reserva, será o único realizado por videoconferência, por ele estar preso preventivamente desde 14 de dezembro de 2024. A detenção aconteceu pelo entendimento de que o militar procurou atrapalhar as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.
O primeiro dia começou com o depoimento de Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens disse que Bolsonaro recebeu, leu e fez alterações na "minuta do golpe".
— Ele enxugou o documento, basicamente retirando as autoridades que seriam presas. Somente o senhor (ministro Alexandre de Moraes) ficaria como preso — diz Mauro Cid sobre alterações que Bolsonaro teria realizado na "minuta do golpe".
Segundo interrogado, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) negou que tenha monitorado autoridades quando era diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
— Nunca utilizei monitoramento algum pela Abin de qualquer autoridade e, ao contrário do que foi colocado em comunicação, nós não tínhamos a gerência de sistemas de monitoramento, pelo contrário — disse.
Além da sessão da manhã desta terça, outras três foram convocadas para:
Elas serão realizadas conforme a necessidade, até que se encerrem os interrogatórios dos réus.
Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
O interrogatório dos réus é uma das últimas fases da ação penal. A expectativa é de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição do ex-presidente e dos demais réus ocorra no segundo semestre deste ano. Em caso de condenação, as penas am de 30 anos de prisão.
Por estarem na condição de réus, os acusados poderão se recusar a responder perguntas que possam incriminá-los. A Constituição garante aos investigados o direito de não produzir provas contra si.