O movimento no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha, nesta segunda-feira (26) é menor do que o visto no fim de semana. Mesmo assim, carregadas de muita fé, pedidos e agradecimentos à padroeira, cerca de oito mil pessoas realizaram a peregrinação ao longo da manhã, segundo o tenente coronel Giovani Gomes, comandante do 36º Batalhão de Polícia Militar de Farroupilha.
Somando os 25 mil de sábado (24) e 25 mil de domingo (25), são 58 mil visitantes na 146ª romaria. O balanço parcial é considerado positivo pela organização, apesar de a projeção inicial indicar 100 mil fiéis nos três dias de festa.
— Foram dias muito frutuosos, e chegamos hoje ao cume, o Dia de Nossa Senhora do Coravaggio. Ela apareceu no dia 26 de maio de 1432, aquele dia era uma segunda-feira, assim como hoje. Nesta manhã não esperávamos tanta gente porque o tempo está instável, mesmo assim tivemos uma grande participação — avaliou o reitor do santuário, padre Ricardo Fontana.
Estela Lapazin, 53 anos, iniciou a sua caminhada às 6h. Moradora de Farroupilha, percorreu parte do trajeto a pé. No entanto, ao chegar na Avenida Dom José Barea, seguiu o caminho de joelhos, pedindo por uma graça à Nossa Senhora em um processo judicial.
— (Ela representa) fé, vida, esperança. Todos os anos seu venho, e essa promessa (de ir de joelhos) eu comecei hoje, e vou continuar vindo sempre de joelhos — conta Estela.
Pelo segundo ano seguido, Favarino Tessaro saiu da ponte de ferro em Nova Roma do Sul em direção ao santuário. A peregrinação, ao lado do sobrinho Nicolas, iniciou por volta da meia-noite, e durou pouco mais de cinco horas. Eles participaram da primeira missa do dia, às 6h.
— Ela (Nossa Senhora do Caravaggio) é um marco importante para nossa fé, para nossa vida, pela família, por tudo. A gente vem para agradecer. Ano ado viemos por causa da ponte, é uma data muito importante para nós.
As irmãs Marinacia e Sandra Trivilin saíram cedo de Bento Gonçalves em direção ao Santuário. De carro, aproveitaram o movimento mais calmo na ligação com Farroupilha para participarem da missa das 6h.
Elas têm a tradição de ao menos uma vez por meses irem a Caravaggio. No Santuário, sentem uma paz de espírito e alegria. Pensaram na missa das 6h pelo movimento do dia na estrada, trabalham normal hoje.
— Ela nos dá a direção da nossa vida, nos guia todos os dias, sendo da região, sempre pedimos a proteção dela — diz Marinacia.

"A verdadeira caminhada da fé”
Maria Teresa Russel saiu da loja Havan, na RS-453, em Caxias, às 6h, rumo ao Santuário de Caravaggio. Em um grupo de cinco pessoas, nesse ano foram em conexão com a padroeira após a família ar por um momento delicado em 2024. Eles demoraram cerca de três horas na caminhada.
— É a legítima caminhada de fé. (a) muita coisa, e viemos esse ano para agradecer por um momento difícil que a família ou, precisamos de muita força e coragem.
Correndo, Maxwell e Elianger Lentz saíram às 6h do bairro Forqueta em Caxias. Pouco mais de uma hora depois, chegaram ao templo religioso, foram 10 quilômetros de trajeto.

Para ela foi um trajeto especial. No ano ado, em virtude de um câncer, precisou tirar o intestino e teve uma infecção. Enquanto estava no hospital, a família pediu à Nossa Senhora do Caravaggio pela saúde e fizeram a promessa de ir ao santuário. No ano ado, quando fez a peregrinação, jurou fazer o trajeto todos os anos.
— Graças a Deus hoje eu estou aqui. Eles fizeram por um propósito (a promessa) à Nossa Senhora, ela é nossa madrinha. Ano ado eu comecei a correr, e o primeiro troféu que eu ganhei foi aqui (em uma prova no santuário) — diz Elianger.
O bento-gonçalvense Gabriel Stella saiu de casa às 6h e foi de carro até o início da rodovia do romeiros. De lá, percorreu aproximadamente 6 quilômetros rumo ao Santuário. Neste ano, agradeceu pela saúde:
— ava uma paz (pela cabeça), vim rezando o terço todo o trajeto, tentando me conectar com Jesus e Nossa Senhora do Caravaggio, e dar uma paz, sentimos que estamos no caminho certo.
Pai e filha escolheram a bicicleta
No ponto de apoio aos romeiros, no localidade de Linha Palmeiro, junto à Capela Nossa Senhora das Graças, o maior fluxo de pessoas que paravam para se alimentar e descansar foi registrado por volta de 7h.
O empresário caxiense Ismael Padilha Borges, 41 anos, já havia ido a pé ao Santuário no sábado. Nesta segunda, dia oficial da Santa, resolveu repetir o caminho, mas de bicicleta e acompanhado da filha Alice Fabro Borges, 13. Pai e filha saíram de casa, no bairro São José, por volta de 5h50min.
— É uma forma de agradecermos as bênçãos recebidas. De bicicleta, nós vamos em concentração, em resiliência, pedindo e agradecendo. A gente gosta muito dessa peregrinação, pois vale a pena. E durante o trajeto é uma oportunidade para refletir — diz Borges.

O tempo para chegar até o santuário de bicicleta é de cerca de duas horas, segundo o empresário, que tem tanto o ciclismo como a caminhada, um hobby. Para vencer o último morro antes da chegada ao Santuário, o chamado Morro da Busa, Borges dá a dica:
— Tem que ter calma e paciência, não adianta ter pressa. É um metro por vez.
A romaria ao Santuário de Caravaggio já é uma tradição também na família da auxiliar istrativo Lara Germann Leão, 25. Nesse ano, ir a pé ao Santuário teve como objetivo agradecer pela saúde do filho Liam, de apenas um ano de idade. Revezando no colo da mãe e dos avós, os empresários Alcides Alves Germann, 55, e Olga Maria Schütt Germann, 52, o pequeno fazia a primeira romaria da sua vida.

— No ano ado, nós fomos a Caravaggio de carro. O Liam, com apenas 13 dias de vida, ficou em casa, e nós fomos de carro. Eu estava ainda com os pontos da cesárea, mas foi uma forma de agradecer a chegada dele e pedir bênçãos pela priminha dele que nasceu em novembro. Agora, ele veio junto para agradecermos por esse primeiro ano de vida dele cheio de saúde — revela Lara.
Dedicação e "mão na massa"
Na cozinha do Salão Paroquial da Capela Nossa Senhora das Graças, as cozinheiras voluntárias se desdobravam no preparo do café e, claro, dos pastéis fritos na hora. De sábado até segunda-feira, foram preparados cerca de 110 quilos de guisado para os pastéis. Além disso, foram assados 130 quilos de salsichão.

Ortenila Sgorla, 67, é moradora da comunidade da Linha Palmeiro e ajuda nessa ação dos voluntários há cerca de 40 anos, além de contribuir com outras tarefas da comunidade.
— A gente trabalha com dedicação e muito amor, porque é em prol de todos da comunidade. Eu participo no cozimento do guisado e no preparo do café, e tem todo um segredinho que o pessoal gosta muito. E todo mundo gosta do meu café (risos). Então, se a gente trabalha com amor, ele é produtivo e gratificante — afirma.
No preparo dos alimentos, Daniela Casagrande, 38, também demonstrava toda a gratidão por estar envolvida na ação. Catequista da comunidade, diz ser movida pela fé à Nossa Senhora de Caravaggio.
— A gente fica praticamente umas 12 horas aqui na cozinha, e vale a pena, pois ouvimos as pessoas elogiando, e a gente fica muito contente com o nosso trabalho — revela.
Também ajudando na cozinha estava Silvana Sgorla Bergamini, esposa de Lourenço. O casal é presidente da associação da comunidade Nossa Senhora das Graças. Para ela, apesar de ser um pouco cansativo, o trabalho é gratificante.
— A gente trabalha com bastante amor e com muita devoção à Nossa Senhora do Caravaggio. E nós prezamos muito para atender os fiéis que am aqui, pois é uma tradição que vai continuar nas próximas gerações — diz Silvana.