
Construído em 1936 e tombado pelo Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Caxias 50 anos depois, o prédio que abriga a Escola Estadual de Ensino Fundamental Presidente Vargas, no Centro, terá a fachada restaurada a partir de 4 de janeiro. A ação integra um projeto de recuperação e valorização histórica do imóvel desenvolvido pela direção da instituição.
O trabalho, que tem duração prevista de 90 dias, contemplará toda a frente, na Rua Visconde de Pelotas, e também a lateral, voltada para a Rua Bento Gonçalves em uma cuidadosa recuperação das características do ado. Antes da aplicação da pintura, será preparado o reboco das paredes e as janelas também serão removidas, lixadas e ganharão novos vidros.
— Eu primei que não fosse para durar apenas um ano ou dois. Fui atrás da cor mais próxima possível e parte do reboco foi mandado para o laboratório da empresa de tintas. É uma cor muito parecida com a do Museu Municipal, então vai se integrar àquele conjunto arquitetônico — detalha a diretora da escola, Viviane Canali, que idealizou o projeto.
A restauração vai custar cerca de R$ 148 mil, dinheiro que a escola conseguiu captar via Ministério Público (MP) por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). A ferramenta permite aos promotores resolver irregularidades praticadas por empresas sem a necessidade de levar o caso à Justiça. Dessa forma, a empresa se compromete a pagar uma indenização e o MP transfere os recursos para algum projeto de interesse público.
A parceria entre escola e MP contempla a transferência de recursos para outras etapas de melhorias, mas para isso ainda é preciso aguardar a formalização de outros TACs. Entre as intervenções estão a pintura do pátio interno e a retirada das grades que cercam atualmente o prédio. A intenção é substituir o cercamento de ferro por vidro, de modo a integrar o imóvel à paisagem.
— Não adianta querer valorizar o prédio histórico e deixar as grades — observa Viviane.
Preservação interna
Os planos para a preservação da história do prédio tiveram início ainda no ano ado. Após a busca de parcerias, a direção da escola conseguiu preservar aberturas nas paredes de duas salas de aula que revelavam a pintura original dos espaços. O padrão com duas cores e formas artísticas foi revelado com a queda de parte do reboco. Em vez de repintar, a ideia da direção foi emoldurar as áreas, criando as chamadas "janelas do tempo".
Além dos restauros em parceria com MP, a escola também deve ar por reformas estruturais internas. Nesse caso, o trabalho será realizado pelo governo do Estado, responsável pela instituição. Os projetos já estão em elaboração e envolvem, por exemplo, a recuperação do piso. Outro objetivo é realizar melhorias no prédio dos fundos, anexo que foi construído posteriormente e tem problemas de ventilação por conta do posicionamento das janelas. Além disso, há diversos pontos com goteiras em dias de chuva.
História do imóvel
O prédio que abriga a escola Presidente Vargas é mais antigo que a própria instituição, inaugurada em 19 de abril de 1960. A edificação foi erguida em 1936 para abrigar o Colégio Elementar José Bonifácio de Andrade e Silva, criado em 1912 em um imóvel na Rua Os Dezoito do Forte. O terreno escolhido já fez parte do complexo da prefeitura de Caxias, quando ela funcionava no atual Museu Municipal. Na época da mudança de endereço, o Colégio Elementar foi anexado à Escola Complementar de Caxias, que funcionava em dois prédios da Rua Pinheiro Machado.
Quase 30 anos mais tarde, em 1960, a instituição, já com o nome de Escola Normal Duque de Caxias, foi transferida para a Avenida Júlio de Castilhos, no bairro Cinquentenário, dando origem ao Instituto Cristóvão de Mendoza. Foi nesse momento que surgiu o Presidente Vargas, criado na data de aniversário do patrono, o ex-presidente Getúlio Vargas.
Desde então, algumas características se mantêm. A fachada mudou de cores, mas preserva as características arquitetônicas originais. As janelas e o piso também não foram modificados, segundo a direção. Recentemente, a escola concluiu a pintura e outras melhorias no corredor do piso inferior e uma licitação está prevista para reformas no forro, no telhado e em assoalhos de madeira.