Sim, eu sei, você caminhou no Vale das Sombras da Morte. Sim, eu sei, tanto mal você temeu, falo daqueles possíveis e daqueles que se escondem sob véus do seu inconsciente. Sim, eu sei, dói lidar com essa quantidade sem fim de cicatrizes, a pele ainda trabalha para superar. E, sim, mais uma vez, eu sei, recomeçar não foi fácil. Muito pelo contrário, exigiu uma força sobre-humana, e, na maioria das vezes, você nem a tinha pra entregar. Mas, olhe pra você agora, vivo. Mais que vivo, vencedor.
Sabe, vencer nem sempre tem a ver com os troféus que temos em mãos, tão menos com pódios. Quase nunca, na verdade. A premiação que a vida nos dá por nossas vitórias diárias é pouco palpável, a despercebidas na maioria das vezes. São sorrisos de canto, olhos brilhantes e fé renovada no futuro. Coisas quase que imperceptíveis que nos contam da vitoriosa trajetória que tivemos. Geralmente, nós mesmos só conseguimos ver tempos depois, mas elas estão lá a nos dar escoras fortes para que possamos dar os largos rumo às próximas vitórias.
Sobre alcançarmos nossos sonhos, seja lá em qual instância você ande sonhando, haverá o dia em que não será mais sonho, e você estará bem acordado: contemplará a sua realidade se tornando sonho, e, vez ou outra, grande pesadelo. Sabe, a vida real cobra preço alto pela locação do espaço de esperança entregue aos sonhadores. Ela sabe que um dia, demore ele ou não, tomaremos o lugar por usucapião. Quem sonha com força e prática, alcança. Eu sei disso, você também.
Há que se estar preparado para a realização do sonho, certo? Eu não vim aqui dimensionar sonhos, vim falar sobre seguirmos vivos dentro do sonho. Pra mim, sonhar tem a ver com a superação das nossas possibilidades de criar novos mundos individuais. Seja um cargo melhor, seja um carro, uma casa... Superar um trauma ou aquele amor que só te fez mal e te deu três pás de terra para que você mesmo pudesse se enterrar em dores e confusões. Eu não sei qual era seu sonho, mas quero supor que você o alcançou e está satisfeito.
Agora, você se sente como se o topo do mundo fosse seu. Você comemorou, você viveu o momento, botou a coroa em sua própria cabeça e vestiu seu manto. Hoje é outro dia. Hoje é o 60º dia após. O que ainda resta de empolgação em você? Você superou amores-dores de anos e padrões de relacionamentos de autodestruição. Você tem o emprego e a casa dos sonhos. E agora, qual o próximo o para começar a estabelecer para si novos padrões, novas possibilidades, novos encontros, novos sonhos?
Bom, seja lá qual tenha sido seu sonho realizado: casa, carro, amor, viagem... Se esse sonho veio após duros tempos, escute meu humilde conselho: deixa o ado lá, no lugar dele, a referência. Dedique-se a construir o novo, essa é a meta. Sonhe mais e outra vez. Entenda, você não está aqui pela dor sofrida, você está aqui apesar dela. E é isso.