
A morte do empresário Adalberto Amarilio dos Santos Junior, 36 anos, encontrado em um buraco no Autódromo de Interlagos, em 3 de junho, ainda mobiliza a Polícia Civil de São Paulo e levanta uma série de questionamentos sobre as circunstâncias do caso.
O corpo do homem foi achado quatro dias após o desaparecimento, num buraco em uma área em obras no autródromo, na Zona Sul da capital paulista. A principal linha de investigação é de homicídio e de que ele teria morrido antes de ser jogado no buraco, mas, segundo a prórpia polícia, ainda há muitas pontas soltas.
Adalberto participou de um festival de motos no local, o Interlagos 2025: Edição Moto, em 30 de maio. Imagens de câmeras de segurança mostram o empresário chegando sozinho ao evento por volta das 12h30min, vestindo boné, camiseta preta, calça jeans e tênis.
À noite, ele se encontrou com um amigo e, por volta das 20h30min, enviou sua última mensagem à esposa. Depois disso, não foi mais visto, conforme informações do g1.
Último contato e desaparecimento
Segundo a polícia, a última mensagem de Adalberto foi enviada às 19h48min, dizendo à esposa que estava indo embora. Ela respondeu às 21h12min, mas a mensagem não foi entregue, indicando que o celular já estava desligado.
Para os investigadores, esse intervalo é decisivo e pode marcar o momento do desaparecimento ou da morte. A última movimentação financeira registrada foi um gasto de R$ 34 por volta das 20h30min, possivelmente dentro do festival.
A carteira e o celular foram encontrados com o corpo. Já a conta corporativa de Adalberto, com cerca de R$ 1 milhão, não teve movimentações após seu sumiço.
Corpo dentro de buraco e perícia inconclusiva
O corpo do empresário foi localizado numa escavação de cerca de três metros de profundidade e 80 centímetros de diâmetro. Ele estava sem calça e sem os tênis.
Segundo os legistas, não havia sinais de fraturas ou agressões visíveis. A causa da morte foi determinada como compressão torácica, o que sugere morte por asfixia devido ao espaço apertado em que ele foi colocado.
A delegada Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, afirma que Adalberto foi colocada no buraco desacordado e ainda com vida.
O Instituto Médico Legal (IML) aguarda os resultados de exames toxicológico, anatomopatológico e subungueal, que podem ajudar a indicar se houve consumo de substâncias, luta corporal ou uso de força antes da morte. Não há previsão para a divulgação dos laudos.
Manchas de sangue no carro
No sábado (7), a Polícia Civil encontrou manchas de sangue no carro do empresário, que seguia estacionado no autódromo.
A perícia identificou quatro pontos com sangue humano: ao lado da porta, atrás do banco do ageiro, no banco traseiro e no assoalho. Um exame de confronto genético foi solicitado para confirmar se o sangue pertence a Adalberto.
A investigação também busca identificar quando e como esse sangue foi depositado, já que o corpo da vítima não apresentava ferimentos que justificassem a quantidade encontrada.
Roupas desaparecidas e vestígios na região
Além da calça jeans e dos tênis que ele usava no evento, a câmera do capacete de Adalberto — que gravava imagens do festival — também não foi localizada.
Nos dias seguintes ao desaparecimento, duas calças foram encontradas em lixeiras próximas ao autódromo, mas não foram reconhecidas pela família.
Uma terceira peça, achada por garis na última quinta-feira (5), está sendo periciada. A ausência das roupas e da câmera levantam suspeitas de que alguém possa ter tentado ocultar evidências.
Depoimentos e linha do tempo
Três pessoas que trabalharam no evento prestaram depoimento nesta segunda-feira (10). Elas foram ouvidas por cerca de três horas.
Segundo o amigo Rafael, que esteve com Adalberto no evento, o empresário consumiu oito copos de cerveja e usou maconha. O consumo foi durante o show do rapper Matuê, que começou por volta das 19h45min e fazia parte da programação do evento no kartódromo de Interlagos.
Ele relatou que o amigo estava mais agitado que o normal, mas não demonstrava sinais de desorientação. Ao se despedirem, Adalberto disse que voltaria ao carro, mas não há imagens dele se deslocando até o estacionamento.
O caso segue em investigação. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirma que aguarda a finalização de todos os laudos solicitados e continua coletando depoimentos de familiares e testemunhas, para auxiliar no esclarecimento dos fatos e na conclusão das causas da morte.
Quem era Adalberto Amarilio Junior?
Adalberto era empresário do ramo óptico e istrava óticas em São Paulo. Era conhecido por ser educado, discreto e apaixonado por velocidade. Participava de campeonatos de kart com um grupo de amigos, que também organizava ações beneficentes.
— Ele era uma das pessoas mais gentis e tranquilas que conheci. A morte dele é um choque — lamenta o advogado Ricardo Mendizabal, amigo do empresário.
Outro amigo, Paul Robison, com quem dividiu vitórias nas pistas, descreve a dor do grupo:
— A gente anda de carro e chora. Nunca imaginamos que o primeiro a partir seria o mais novo.