
Ana Luiza de Oliveira Neves, uma adolescente de 17 anos, morreu no último domingo (1º), em Itapecerica da Serra, na Região Metropolitana de São Paulo, após comer um bolo de pote envenenado, entregue em sua casa com um bilhete anônimo.
Ela foi levada ao hospital ainda no sábado com sinais de intoxicação, mas teve alta. No dia seguinte, voltou a ar mal e já chegou ao pronto-socorro sem vida.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), a Polícia Civil investiga o caso como morte suspeita e solicitou exames ao Instituto Médico Legal (IML). As informações são da Folha de S. Paulo.
A principal linha de apuração é a de envenenamento intencional: uma adolescente de 17 anos, também moradora da região, confessou ter colocado arsênico no doce entregue à vítima. O veneno pode matar, dependendo da concentração, e tem venda proibida no Brasil desde 2005.
Bolo chegou com bilhete escrito à mão
O episódio começou na tarde de sábado (31), por volta das 17h. Segundo o boletim de ocorrência, a irmã de Ana Luiza, 18 anos, recebeu em casa um bolo de pote entregue por um motoboy.
Junto ao presente, estava um bilhete escrito à mão com os dizeres: "Um mimo para a garota mais linda que já vi", assinado no verso como "Lulu Linda".
Ana Luiza chegou em casa cerca de uma hora depois e comeu o doce. Por volta das 18h50min, começou a se sentir mal. A jovem foi levada pelo pai a um hospital particular da cidade, onde recebeu o diagnóstico de intoxicação alimentar. Ela foi medicada e recebeu alta.
Piora no quadro e morte
Por volta das 16h de domingo (1º), Ana Luiza voltou a apresentar sintomas mais graves e foi levada novamente ao pronto-socorro.
Segundo relatório médico citado no boletim de ocorrência, ela chegou à unidade de saúde em parada cardiorrespiratória, sem sinais vitais, apresentando cianose (coloração azulada da pele) e hipotermia.
A equipe médica tentou reanimar a jovem por meio de manobras de ressuscitação, mas não obteve sucesso. O atestado de óbito apontou como causa aparente a intoxicação alimentar.
Adolescente confessou ter envenenado bolo
Segundo a SSP, uma adolescente de 17 anos foi ouvida e itiu ter sido responsável pelo envenenamento. A jovem revelou à polícia que comprou arsênico pela internet e adicionou o veneno ao bolo, adquirido em uma loja da região.
Ela também confessou ter tentado envenenar outra jovem da mesma forma, que sobreviveu.
"A jovem foi ouvida em depoimento. Diligências prosseguem visando o devido esclarecimento dos fatos", informou a Secretaria em nota.
A Delegacia de Itapecerica da Serra solicitou à Justiça a apreensão da adolescente, que deverá responder por ato infracional equivalente a homicídio doloso.
Loja que produziu o bolo afirma que não fez a entrega
Menina Trufa, confeitaria de onde saiu o bolo envenenado, divulgou uma nota nas redes sociais se solidarizando com a família de Ana Luiza.
A empresa esclareceu que o produto foi adquirido presencialmente por uma pessoa que alegou consumo próprio e que a entrega não foi feita por um profissional vinculado à loja.
"A Menina Trufa é a fabricante do produto, mas não foi responsável pela entrega à adolescente. Uma pessoa adquiriu o produto como se fosse para si, levando-o para outro local que ainda é desconhecido", disse a empresa em nota oficial.
A polícia agora busca esclarecer se houve premeditação, como a autora do envenenamento conseguiu o contato da vítima e se há outras pessoas envolvidas no crime.