
A Justiça marcou para setembro o júri do homem acusado de matar a namorada em Imbituba, em Santa Catarina, em 2018. O julgamento, marcado nesta quinta-feira (5), deve ocorrer no Fórum da Comarca onde ocorreu o crime, a partir das 8h.
Paulo Odilon Xisto Filho responde por homicídio duplamente qualificado e feminicídio. Oficial de cartório de registro de Imbituba, ele é acusado de ter espancado Isadora Viana Costa, 22 anos, até a morte, no dia 8 de maio de 2018.
Nascida e criada em Santa Maria, na Região Central, a modelo foi assassinada dentro do apartamento do namorado. Ela morava no RS, mas visitava Xisto Filho em Imbituba quando foi morta.
Morte por motivo fútil, diz denúncia
De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), acolhida pela Justiça, o acusado teria matado a modelo por motivo fútil.
Acreditando que o namorado havia sofrido uma overdose, Isadora acionou a irmã dele. O oficial de cartório, então, revoltou-se, pois escondia da família que usava drogas. Ele então teria agredido a jovem, provocando a sua morte.
Exame do Instituto Médico Legal concluiu que a modelo foi vítima de um trauma abdominal entre 6h20min e 7h30min do dia 8 de maio. De acordo com o laudo, a lesão não estaria relacionada ao consumo de alguma substância, pequena queda ou eventuais manobras de reanimação cardíaca.
Na denúncia do MP, também consta como qualificador o uso de meio que dificultou a defesa da vítima, uma vez que o réu teria feito uso de força desproporcional ao atacá-la. O feminicídio é caracterizado pela violência doméstica e pelo fato de que Paulo Odilon e Isadora mantinham relação afetiva.
Xisto Filho e uma amiga do casal foram responsabilizados também por fraude processual. Ambos teriam modificado a cena do crime, lavando lençóis e toalhas, retirando garrafas de bebidas alcoólicas do local, espalhando comprimidos de remédios controlados pela residência e inserindo cobertores e malas na cama na qual estava a vítima.
O acusado ainda mantinha armas e munições com registros vencidos: uma espingarda calibre 12, 80 munições do mesmo calibre, além de uma pistola calibre 380 e 66 munições.
Contraponto
A defesa de Paulo Odilon Xisto Filho se manifestou por nota na qual "reafirma a inocência" do acusado e diz que "não existiu alteração criminosa do local onde ocorreu a morte".
"A defesa de Paulo Odilon Xisto Filho, a cargo do Escritório Aury Lopes Jr Advogados, reafirma a inocência e acredita que os jurados de Imbituba terão serenidade para, analisando a vasta prova produzida nos autos, decidir pela absolvição. Paulo não matou Isadora. Foi uma tragédia, mas ele jamais agrediu a vítima e a prova demostra o grande erro que constitui essa acusação.
Também não existiu nenhuma alteração criminosa do local onde ocorreu a morte e está provado no processo. Quanto as armas apreendidas, não guardam nenhuma relação com o fato, são todas legais e devidamente registradas, tanto que já foram restituídas."