É preciso qualificar o atendimento policial como um todo, para que essa mulher seja acolhida e atendida em qualquer delegacia que ingressar.

TATIANA BASTOS

Diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher

— Posso não ter a delegacia ali, mas vou ter um posto de saúde ou a BM. É importante todos os profissionais terem esse olhar. Uma mulher em depressão ou que tenha tentado suicídio, pode ser uma vítima de violência doméstica. Se isso não for detectado, vou perder esta mulher, seja pelo suicídio ou até um feminicídio — alerta a juíza.

Em cenário de escassez de recursos e falta de policiais, a diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher, delegada Tatiana Bastos, entende que qualificar o atendimento dos plantões é estratégia essencial. Entre as iniciativas, está a implantação da Sala das Margaridas, espaço acolhedor onde a vítima é ouvida.

— A polícia gaúcha vem investindo em capacitar policiais para que tenham interação com a rede local e conheçam os encaminhamentos — afirma Tatiana.

Outra iniciativa é a aplicação de um questionário de avaliação de risco, para identificar qual o grau de perigo a mulher vítima de violência doméstica está sujeita. O método, inicialmente implantado em Porto Alegre, está sendo aplicado nas Deams e em oito DPPAs. A polícia lançará manual padronizado de atendimento às vítimas de violência doméstica, ainda neste mês. A delegada entende que a criação de cartórios especializados e o deslocamento de um policial, integrado com a rede, para atender as mulheres também pode ajudar a superar a falta de unidade especializada.

— É preciso qualificar o atendimento policial como um todo, para que essa mulher seja acolhida e atendida em qualquer delegacia que ingressar — conclui a delegada.

– Vítimas de violência doméstica demoram a buscar o sistema de justiça, não confiam, vivem num ciclo de violência. Têm muita dificuldade de sair desse tipo de violência. O importante é não deixar de registrar. É essencial que haja articulação entre as instituições para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e políticas que garantam fortalecimento dessas mulheres e a responsabilização dos agressores — reforça a dirigente do Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública do Estado, Liliane Braga Luz Oliveira, que também defende a qualificação dos agentes.

Segundo a coordenadora da Patrulha Maria da Penha no Estado, major Karine Pires Soares Brum, a Brigada Militar também está capacitando os policiais para qualificar o atendimento às vítimas. Entre terça e quarta-feira, será realizado seminário na Capital voltado para o tema. Entre os focos, está a capacitação para preencher o formulário de avaliação de risco.

— Esse formulário está sendo aplicado pelas DEAMs. Mas onde não há uma delegacia especializada, há um policial militar. A ideia, no ano que vem, é expandir essa capacitação — afirma a oficial.

Iniciativas em comum nos projetos:

Acompanhe outros trechos desta reportagem: 

Parte 2 - Como projetos contra a violência doméstica transformam a vida de mulheres no RS

Parte 3 - Onde mulheres vítimas de violência doméstica podem pedir ajuda no RS

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