A identificação rápida da doença faz com que o paciente ganhe qualidade de vida.
— O diagnóstico precoce é a base do sucesso. Quando tardio, é sempre ruim, porque já se tem prejuízo, que com a agilidade, conseguimos preservar a qualidade de vida do paciente. Por outro lado, às vezes, precisamos ter cautela, pois uma imagem e sintomas podem confundir o diagnóstico. Quando cedo, é bom. Mas, quando retardado, é ruim — ressalta a coordenadora do Núcleo de Esclerose Múltipla e Doenças Desmielinizantes do Hospital Moinhos de Vento (HMV), Maria Cecília Aragon de Vecino.
Identificar os sintomas iniciais da esclerose múltipla pode ser desafiador, pois a doença se manifesta de forma variada, o que pede um cuidado maior.
Os sinais mais comuns incluem:
O processo de diagnóstico envolve uma avaliação cuidadosa e detalhada do histórico clínico do paciente. Além disso, é essencial a exclusão de outras condições que possam causar sintomas semelhantes, explica a doutora:
— São três pilares: a história clínica, a exclusão de outras doenças e exames como de sangue, de punção lombar, o liquor e a ressonância magnética. Eles são necessários para descartar outras condições ou doenças que estejam mimetizando a EM — explica Maria Cecília.
A esclerose múltipla se apresenta em três formas principais: a remitente-recorrente, a primária progressiva e a secundária progressiva.
A forma remitente-recorrente é a mais comum. Marcada por surtos súbitos, seguidos por períodos de melhora. Quando secundária progressiva, os surtos iniciais dão lugar a uma progressão lenta e constante da doença. Já na forma primária progressiva, não há surtos, mas uma deterioração contínua.
O tratamento, que varia conforme o caso clínico, envolve o uso de medicamentos, alguns fornecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e outros por meio de planos de saúde. Eles reduzem a atividade inflamatória e a frequência dos surtos, minimizando o acúmulo de incapacidades ao longo da vida.
Também é essencial realizar acompanhamento multidisciplinar. É importante que o paciente mantenha atividades físicas regulares.
O defensor público Tiago Rodrigo dos Santos convive com esclerose múltipla há 15 anos. Diagnosticado aos 29 anos, enfrentou desafios até obter o diagnóstico correto. Seus primeiros sintomas surgiram dois anos antes, com a visão embaçada. Após vários exames e tratamentos sem sucesso, ele finalmente recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla.
— Foi um choque. Eu pensava em tudo que poderia acontecer, até imaginei que estaria em uma cadeira de rodas em poucos anos — relembra Tiago, sobre a reação quando descobriu a doença.
Com o tempo e o apoio de tratamentos adequados, ele encontrou maneiras de conviver com a doença e manter uma vida ativa. Para ele, o processo de aceitação “foi longo, mas necessário”.
Após o diagnóstico, Tiago continuou com suas atividades, adaptando-se às limitações impostas pela doença. Hoje, além de exercer sua profissão, ele anda de bicicleta aos finais de semana, dedica-se a hobbies como a música e participa ativamente da criação de sua filha.
— Eu tive que aprender a ouvir meu corpo e respeitar meus limites. Foi difícil, mas hoje me vejo como uma pessoa diferente, mais consciente do meu próprio corpo e do que posso fazer. A esclerose múltipla é uma doença crônica, mas com o tratamento certo, é possível viver bem, como uma pessoa saudável — finaliza o defensor.
*Produção: Murilo Rodrigues