Ele brinca:
– É praticamente fazer o contrário do que as pessoas fazem no frio, que é ficarem encolhidas e sem lembrar de tomar água. Também não é raro eu ver corredores vestidos o oposto de mim: encasacados, e sem nada nas mãos. Comigo não funciona.
Segundo o Cara da Sunga, as oscilações de temperatura de Porto Alegre são um inimigo maior do que o frio para a saúde. A dica é o que chama de "respeitar o agora":
– Não é porque é inverno que eu não vou me queimar, por exemplo. Se tem sol, tenho de ar protetor solar. Da mesma forma, se você saiu encasacado porque é inverno e do nada esquentou, precisa dar um jeito de tirar a roupa de cima para não ficar com a parte de baixo molhada. E reforçar a hidratação. Você deve sempre respeitar o ambiente e adaptar o exercício.
As chaves, na portaria. Os documentos, em casa. O Cara da Sunga sai apenas com a (pouca) roupa do corpo e protetor solar. Por motivo práticos e filosóficos:
– Gosto da sensação de estar sem nada. Daqui a pouco, se estou com sede, (gosto) de entrar em um lugar e pedir uma água. Se sentir fome, uma fruta em uma banca. Acho que isso dá sensação de liberdade e estimula uma troca com a cidade, com o ambiente.
Se perguntado, diz que sim pela galhofa. Mas na verdade, não. Tem "umas oito ou nove", todas do mesmo modelo – boxer, da Adidas –, com poucas variações de cores. Tem mais sungas do que chapéu, que são apenas três.
Sim, não fecham os dedos de uma mão os dias por ano em que não corre. São 20 quilômetros diários, geralmente nas cercanias do Centro Histórico e Bom Fim.
Troca de tênis a cada três ou quatro meses. Pela frequência das corridas, isso é fundamental para evitar lesões. Depois de testar diferentes modelos, optou pelo modelo Adidas Ultraboost.
É professor de inglês e TI do Banrisul. Nos últimos tempos, tem reforçado o personagem Cara da Sunga sendo mestre de cerimônias em eventos culturais, como o Casa Expandida, da Casa de Cultura Mario Quintana, ou como músico, tocando tamborim no Bloco da Laje e na banda Império da Lã.
"Infelizmente, não". Segundo ele, essa é uma lenda urbana que surgiu quando ele corria de madrugada no Parcão, e costumava deixar as chaves em uma unidade 24 horas da farmácia. Outro palpite é que o boato tomou forma porque ele costumava ajudar os moradores de rua da região comprando pequenos produtos de higiene, como sabonete e lâminas de barbear.
Deve. Eduardo não corre calculando pace, distância e outros índices que podem ser comprometidos por uma interrupção em meio à corrida. Ademais, ele curte confraternizar com as pessoas. Fica agradecido em parar para conversar e tirar fotos.
Ele responde rindo:
– Já me perguntaram. Dizem que eu me daria bem, mas assisti a uns episódios e achei uma loucura. Meu problema seria a alimentação. Eu gosto de me alimentar bem, teria problemas em caçar a minha comida.