As especulações acabaram se confirmando. Eduardo chegou por volta das 22h e, depois de cumprimentar os desenhistas um a um, acatou todas as sugestões de pose quase sem respirar. Vestia os tradicionais chapéu azul, tênis e a sunga preta.
- Nem sempre a gente tem essa oportunidade de registrar essas personalidades da sociedade de Porto Alegre - destaca Caju.
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Saiba quem é o Cara da Sunga
Eduardo está acostumado a ser aclamado com gritos de "Cara da Sunga, Cara da Sunga" durante suas corridas pela Capital. Mas poucos sabem que ele é professor e dono de uma escola de idiomas no Centro, que tem cabelos compridos - os quais não mostra a ninguém - e que busca transmitir uma mensagem por meio da corrida. Em entrevista concedida antes de posar para as ilustrações, Eduardo ainda fez uma revelação:
- Não é uma sunga, é um short.
Pelas Ruas - Há quanto tempo tu corres de sunga?
Eduardo - Na Cidada Baixa, faz uns cinco, seis anos, mas corro de sunga há 19 anos. Comecei na Goethe e na Padre Chagas, que era onde tinha mais pessoas à noite. Eu corro 20 km por dia, usando também um chapéu. No frio uso uma touca mais quentinha, para não molhar o cabelo. É que eu tenho cabelo comprido, que eu não mostro para ninguém. Se eu estou sem chapéu, as pessoas não me identificam.
Por que tu corres de sunga?
É porque eu sinto calor. Mas na verdade não é uma sunga, é um short.
E tu usas sempre o mesmo?
Eu minto que é a mesmo, mas tenho vários iguais (risos).
Costumas entrar em estabelecimentos com essas vestes?
Às vezes acontece de eu estar correndo, e as pessoas me convidarem para entrar em algumas casas. Quando me veem com roupa de trabalho, as pessoas às vezes não entendem, dizem: "mas eu nunca te vi vestido". Mas só estou com essa roupa quando eu corro: durante o dia eu trabalho, tenho uma escola de inglês e francês no centro, dou aula e sou concursado na computação do Banrisul.
Viraste uma personalidade na Capital.
Dizem. Na verdade eu faço isso por uma questão mental. Mas o que me levou a correr é basicamente para ficar mais criativo, dar conta de todas as atividades. Estudei Psicologia na UFRGS e dou até uma palestra sobre o prazer dos neurotransmissores em relação à corrida e o aumento da produtividade. Eu tento ar isso para as pessoas, que um exercício feito com prazer vai aumentar a imunidade como consequência - que é o meu caso, que corro no frio e não fico doente -, mas, sobretudo, vai ter um ganho mental muito grande. Se virou um personagem, é legal poder usar isso para que as pessoas vejam que há um outro lado do exercício, que o exercício é algo prazeroso, que está ligado ao relaxamento e não necessariamente ao tensionamento. E também acabo emprestando meu personagem para campanhas, como a do agasalho, de doação de sangue no HPS.
O que estás achando sobre posar como modelo vivo?
Estou emocionado com essa possibilidade de, mesmo que do lado de lá, fazer parte de um clube de desenhistas. Sempre irei muito quem tem essa capacidade de desenhar, meu pai tinha. Espero poder fazer isso legal, ficar quietinho, parado. Já corri de manhã, espero que isso contribua, para eu fazer a contento (risos).
Confira algumas das ilustrações feitas no evento:
Autor: Santiago Neltair Abreu
Autor: Celso Schröder
Autora: Livia dos Santos Silva