Resistência a desmentidos publicados pela imprensa

Outro estudo apontou que nem mesmo as checagens da imprensa conseguem mudar a crença das pessoas. Parceria entre a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e as universidades Emory e da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, a pesquisa mostrou a eleitores, em duas etapas, oito notícias falsas sobre o PT — quatro positivas e quatro negativas. Mesmo quando confrontados por verificações, mais de 30% dos entrevistados seguiram acreditando no boato.

— A partir do momento que se estabelece crença em um posicionamento, seja político ou social, as pessoas tendem a buscar mecanismos para reafirmar o que já pensam. O estudo mostra que essa pré-disposição tem muito mais força de ser mantida do que alterada, mesmo quando a notícia é absurdamente falsa — observa Felipe Nunes, pesquisador da UFMG.

Para o coordenador do Laboratório de Estudos Sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Fabio Malini, há uma "escuridão" sobre o impacto das fake news nos rumos eleitorais. 

— Milhões de pessoas estão envolvidas com as suas candidaturas de preferência circulando desinformação. Cria-se um senso de maioria que faz com que aqueles que são minoria diminuam a sua capacidade de resistir a essa torrencial. Assim, aumenta a percepção de que somente esses grupos têm o poder de circular o seu ponto de vista político. Por isso, mais do que determinar o voto, o efeito é dar desigualdade às condições de tomada de decisões — examina Malini.

Além disso, Ortellado ressalta que saber quantas pessoas foram contaminadas pelas fake news não significa dimensionar quantas tiveram o seu voto afetado pelas mentiras:

— Não temos elementos para dizer que é por causa disso que o Bolsonaro provavelmente irá ganhar.


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