
Com 18 partidos em Caxias do Sul e um cenário eleitoral encaminhado para poucas candidaturas em outubro deste ano, quando os eleitores escolhem prefeito e vereadores, os partidos fora do eixo tradicional caxiense tendem a apoiar algum dos candidatos já colocados, sem que indiquem um nome próprio para a disputa. Pelo menos 10 partidos que devem aparecer nas eleições não integram o grupo de legendas históricas em Caxias, e desses, seis já sabem o caminho que irão seguir.
Três são mais ligados à direita, motivados pela recente onda de crescimento de partidos vinculados a essa linha ideológica no Brasil. O PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, coloca um pré-candidato para as eleições municipais: o vereador Maurício Scalco. Ele deve ter o apoio de Podemos e Novo, outros dois partidos mais recentes e alinhados à direita bolsonarista.
Três siglas que acenam com a centro-direita estarão ao lado do PSDB apoiando a candidatura à reeleição do atual prefeito Adiló Didomenico. O Republicanos, presidido pelo vereador Elisandro Fiuza, integra a base do Governo Adiló, e pode indicar o nome do candidato a vice-prefeito para compor a chapa – até o momento, o nome favorito é de João Uez, atual secretário de Meio Ambiente. Quem também está na base do Executivo e vai apoiar Adiló no pleito é o União Brasil. O partido comandado por Kiko Girardi, cujo diretório provisório foi oficializado em junho do ano ado, segue as negociações para atrair novos filiados à sigla e está definindo a nominata para as eleições.
– Na metade de fevereiro, vamos ter um ato de filiações. Já temos ex-vereadores, candidatos nas últimas eleições, e um vereador (Clóvis Xuxa) já certo para vir ao União Brasil na janela (partidária). Estou trabalhando numa nominata com no mínimo 10 candidatos que sejam puxadores de votos para garantir pelo menos uma cadeira na Câmara. Como a gente é um partido novo, não tem muito o que oferecer além de uma legenda com chances reais que um candidato com quantidade de votos razoável se torne vereador – explica Kiko.
Além destes, o Cidadania também aparece somente na história recente de Caxias, e irá compor, obrigatoriamente, a coligação com o PSDB e apoiadores do prefeito Adiló – isso porque PSDB e Cidadania integram federação em nível nacional, e portanto precisam participar juntos das eleições. Por causa da federação, os dois partidos terão inclusive que dividir a nominata, como explica o presidente do Cidadania em Caxias, João Carlos Berti.
– O estatuto da federação são 70% (dos nomes da nominata para o) PSDB e 30% do Cidadania. Isto significa que serão 17 (candidatos) do PSDB e sete do Cidadania. Esta composição, se modificar, deve ar por uma reunião de diretório dos partidos, mas estamos trabalhando hoje com essa composição. Nós somente temos que aceitar o candidato a prefeito, pois eles têm o prefeito, e nesse caso não temos como modificar.
PSOL não garante composição com a esquerda
O PSOL fez sua convenção partidária recentemente e deve empossar o novo diretório na segunda quinzena de fevereiro. A presidência segue com Karina Santos, que afirma ainda não ter uma definição sobre o caminho a ser seguido pelos psolistas – isso deve ocorrer somente após a posse do diretório.
– Pretendemos lançar nominata completa em conjunto com a Rede, na federação. Sobre a candidatura majoritária, ainda estamos em tratativas, não tendo ainda nada definido. Podemos lançar candidatura própria ou entrar em uma possível coligação com a federação do PT, PV e PCdoB, levando em consideração a importância da unidade para enfrentar a extrema direita. O PSOL está comprometido na construção de uma Caxias para os trabalhadores e trabalhadoras.
Assim como ocorre com PSDB e Cidadania, PSOL e Rede compõem federação e deverão dividir nominata de candidatos à Câmara, assim como seguir o mesmo caminho na majoritária. A reportagem tentou contato com o presidente da Rede, Francisco Lucas Souza da Cunha, mas não obteve retorno até o momento.
Solidariedade quer isolar a extrema-direita
O Solidariedade, liderado por Antíoco Sartor, é claro em definir o caminho a ser seguido pelo partido:
– Nós vamos colaborar com uma frente que possa combater a extrema-direita – diz Sartor.
Como fazer isso será definido até a metade de fevereiro. Até lá, o partido irá seguir se reunindo e conversando com outras legendas, buscando a melhor opção para a “aliança democrática” almejada pelo Solidariedade, além de finalizar a nominata dos candidatos à Câmara de Vereadores.
– Nós vamos disputar as eleições para vereador e possivelmente vamos fazer alguma aliança. Ainda não temos decisão com quem nós vamos. Vamos fazer uma aliança democrática, com quem representa a democracia, e nós queremos isolar o que é de extrema direita, no caso, o bolsonarismo. Nós temos convite tanto do PT quanto do centro, o governo que está aí, além de PDT e PSB. Nós achamos que quanto maior for uma frente democrática, quanto mais partidos estiverem juntos, é melhor para tentar isolar a extrema-direita. Nós queremos a união do máximo de partidos que representam uma frente democrática – define o presidente do partido.
Uma união com PDT e PSB agrada Sartor, já que os três partidos negociam uma federação e as legendas teriam que se unir a partir das eleições nacionais de 2026, e também no pleito municipal de 2028.
PSD quer indicar vice
O PSD não pretende lançar nome para cabeça de chapa, mas entende que existe espaço para indicar o candidato a vice em alguma composição. Essa é a avaliação que faz o presidente da sigla em Caxias, Michel Pillonetto. Ele também explica que o partido já recebeu convites para algumas coligações, o principal deles para apoiar o prefeito Adiló.
– Temos mantido conversa com o prefeito Adiló, mas também estamos sendo sondados por mais partidos e candidatos. Ainda é muito cedo para essa decisão, tem muita coisa para acontecer ainda. Estamos analisando o cenário e as propostas. Nossa executiva já deliberou que vamos tentar estar junto com partidos ideologicamente iguais ao PSD. Precisamos entender muito bem a proposta para melhorar o cenário financeiro da cidade e as medidas que vamos adotar para melhorar diversos pontos ruins na prestação do serviço público. Depois da Festa da Uva, vamos definir isso – indica Pillonetto.
Segundo o vereador Juliano Valim, além de Adiló, o PSD também foi procurado pelo PT. Pillonetto, entretanto, nega que tenha recebido convite petista para composições eleitorais. Uma reunião que deve ser realizada nos próximos dias, ainda sem data definida já que alguns membros do diretório estão fora da cidade, deve definir o caminho do PSD.
Os partidos e os caminhos
- PL, Podemos e Novo: vão integrar frente de direita, com o vereador Maurício Scalco (PL) como candidato a prefeito.
- Cidadania: federado com o PSDB, terá que integrar coligação com o prefeito Adiló e dividir nominata com os tucanos.
- Republicanos e União Brasil: vão integrar coligação com o candidato à reeleição, prefeito Adiló Didomenico (PSDB).
- PSOL e Rede: federados, partidos podem ter candidatura própria, mas tendência é de integrar frente da esquerda, apoiando a pré-candidata Denise Pessôa (PT).
- Solidariedade: também deve compor coligação com a esquerda, mas tem convites de outros partidos.
- PSD: tem convites de partidos para integrar coligações, principalmente do prefeito Adiló. Acredita que pode indicar nome para vice-prefeito em uma chapa.