
A maioria dos pacientes internados com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em Caxias do Sul, neste ano, não tomou a vacina contra a gripe. Segundo o secretário municipal da Saúde, Geraldo Rocha Freitas, 70% dos hospitalizados não receberam o imunizante:
— Mesmo que o paciente tenha se vacinado nos anos anteriores, ele precisa fazer a vacina em 2025 porque nós atualizamos o imunizante em função da mutação do vírus. É importante que a população se conscientize e faça a sua parte. Temos aí sete unidades básicas com horário estendido, para realizar a vacinação até as oito horas da noite — alerta Freitas.
Segundos os dados mais recentes da Secretaria Municipal da Saúde, até a semana ada, apenas 34,77% do público-alvo foi vacinado desde o começo da campanha de vacinação contra a gripe. Desses, a maior cobertura é dos idosos (39%), seguida pelas gestantes (30%) e, por último, as crianças (22%). Ao todo, segundo o último levantamento, 76,7 mil pessoas foram imunizadas em Caxias do Sul.
O dado acende um alerta para o impacto da baixa cobertura vacinal sobre a rede hospitalar. O aumento no atendimento de pacientes com doenças respiratórias atinge tanto a rede hospitalar pública como as instituições privadas. Na última sexta-feira (30), a prefeitura decretou estado de emergência em saúde pública por conta do aumento nos casos de SRAG.
Conforme a prefeitura, houve o registro de 528 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave de 1º de janeiro até o dia 24 de maio, sendo 487 de residentes no município. Em um intervalo de duas semanas, em maio, o município contabilizou o aumento de 56% nas notificações. Outro apontamento que embasa o documento é o registro de 46 mortes por este tipo de síndrome, sendo 85% delas de pessoas com mais de 60 anos.
— A gente vem observando uma tendência maior de circulação de influenza A. No ano ado, eram vírus diversos e alguns até não eram detectados, mas, nesse ano, a gente observou primeiro ambulatoriamente a circulação e agora com as internações. O que nos dá um pesar porque é um vírus é totalmente prevenível com a vacina — observa a diretora técnica da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Magda Beatriz Teles.
Um levantamento da RBS TV aponta que no Hospital Geral (HG) o número de internações por SRAG mais que dobrou na comparação com 2024. Em maio do ano ado foram 45 registros, contra 93 neste ano. No total, ao longo de 2025 são 130 internações.
Já no Hospital Pompeia, os atendimentos no pronto atendimento aumentaram de 3,5 mil em abril para mais de 4 mil em maio, 13% a mais. As queixas respiratórias cresceram, ando de 18,75% dos atendimentos em abril para quase 30% em maio.
No Hospital do Círculo, por sua vez, os atendimentos quase dobraram entre abril e maio, com um crescimento de 90%. No caso dos adultos, o aumento foi de 144% e de 62% nos atendimentos pediátricos.
O Complexo Hospitalar da Unimed observou a ascensão de 50% nos atendimentos de adultos e 64% nos para o público infantil por conta de síndromes gripais, entre o quarto e o quinto mês de 2025.
Em maio, no Hospital Virvi Ramos, o pronto atendimento teve aumento de atendimentos de doenças respiratórias de 10% comparado a maio de 2024. Na comparação com o primeiro trimestre deste ano, o crescimento foi de 33%.
Compra de leitos e cancelamento de cirurgias ainda não estão previstos
Embora o município tenha decretado estado de emergência em saúde pública, o secretário municipal da Saúde, Geraldo Rocha Freitas, entende que a compra de leitos temporários na rede privada somente ocorrerá como uma "medida extrema".
— A rede privada também está enfrentando uma superlotação. Não é só um problema do SUS (Sistema Único de Saúde). Num caso extremo, havendo disponibilidade, extrapolando a nossa rede de assistência do SUS, nós buscaremos a contratação. Mas isso é uma hipótese, hoje, bem remota — diz Freitas.
Atualmente, Caxias do Sul soma 746 leitos destinados ao SUS, sendo 246 clínicos e outros 134 cirúrgicos.
— É evidente que, em uma situação mais crítica, nós podemos utilizar os leitos cirúrgicos, mas isso é uma situação extrema, havendo necessidade. Por enquanto, está sob controle a questão das transferências dos pacientes para os hospitais. Não há necessidade de suspender cirurgias — analisa o titular da pasta.
Segundo a prefeitura, o decreto possibilita medidas excepcionais como ampliação temporária da oferta de leitos clínicos e de UTI, aquisição de insumos e materiais, doação e cessão de equipamentos e bens, contratação de serviços estritamente necessários ao atendimento da situação emergencial, implementação de campanhas emergenciais de vacinação e prevenção e atuação em conjunto com hospitais e serviços privados conveniados ao SUS.
No fim da tarde de terça-feira (3), a prefeitura contabilizava 22 pacientes na UPA Central e outros 22 na UPA Zona Norte esperando por leitos hospitalares.
Onde se vacinar
- A população acima de seis meses de idade pode se imunizar em todas as UBSs de Caxias do Sul — a exceção é o postinho do Mariani, que está temporariamente sem sala de vacina.
- O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.
- As UBS Cinquentenário, Cruzeiro, Desvio Rizzo, Esplanada, Eldorado, Reolon, Vila Ipê têm horário estendido atendem das 8h às 19h.