Fora de operação há 25 anos, a aeronave Fairchild PT-19 (PP-HQM) voltou a ocupar, oficialmente, os céus da Serra no fim da manhã deste sábado (17), no Aeroclube de Garibaldi. O motor foi ligado pouco após as 11h30min e a decolagem ocorreu às 11h45min, pelo piloto César Luiz Lorenzon e o copiloto Leonardo Zanonato.
O voo teve duração de cerca de sete minutos, acompanhado por uma plateia animada, que aplaudiu a saída e a chegada da aeronave na pista.
Após, o piloto Lorenzon foi homenageado pelo aeroclube, com o nome adesivado na aeronave. Uma garrafa de espumante foi aberta e a bebida foi jogada sobre a hélice, como forma simbólica de batizá-la.
O piloto classificou o voo como tranquilo, dentro do previsto durante o período de testes. Ele também ressaltou que é gratificante ter participado do processo de restauro.
— A emoção é muito grande. Parece que ela nos traz o voo de antigamente, sem ter vivido aquele tempo. A aeronave estava bem revisada e ela sempre mostrou bom desempenho —diz Lorenzon, emocionado também pela presença do pai dele, Luiz, de 91 anos, na plateia.
Para Zanonato, o sentimento de estar dentro do Fairchild é único:
— Ele carrega uma história, tem alma! Nós gostamos de máquina, está no sangue. É um sentimento de pertencimento muito bom.

A arquiteta Kelli Laura Pozza, 40 anos, saiu de Carlos Barbosa para acompanhar o retorno do Fairchild PT-19, com o filho Enrico, de um ano e seis meses, e o marido. Além de prestigiar os amigos da aviação, ela diz que é uma oportunidade para mostrar este universo ao bebê:
— O Enrico gosta muito. O tema do quartinho dele, inclusive, é ursinho aviador. E foi muito emocionante, principalmente por conta do rito que foi feito. Foi muito bacana — comenta.
A aeronave e a relação com a Serra gaúcha

A aeronave, encomendada pela Força Aérea Brasileira (FAB) em 1942, tem fabricação norte-americana e serviu para o treinamento, no Rio de Janeiro, de pilotos que depois eram enviados ao conflito na Europa.
A máquina é um monomotor de seis cilindros em linha, com 175 cavalos de potência, asas baixas, trens de pouso nas asas e cabine aberta. Ao todo, são nove metros de comprimento e 12 metros de envergadura.
O Fairchild PT-19 HQM chegou a Garibaldi em 1975, quando aeronave foi permutada com o Aeroclube de Caxias por outras duas, mas de modelo CAP-4, o popular Paulistinha.
A reforma
A decisão por reformar a aeronave, inativa desde os anos 2000, ocorreu em 2022. O Fairchild PT-19 HQM foi completamente desmontado e remontado, ando por um rigoroso processo de revisão e manutenção integral.
A revitalização consistiu na renovação das asas, entelamento, pintura e revisão do motor, em conformidade com o que é estabelecido pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

O processo foi finalizado em março deste ano, quando começaram os treinos e testes. Todas as despesas foram integralmente custeadas pelo Aeroclube de Garibaldi.
— Este feito representa não apenas a recuperação do patrimônio histórico, mas também o reflexo da união, compromisso e paixão que movem esta entidade por 80 anos. Mais do que uma aeronave, o PT-19 representa história, coragem e tradição — ressaltou a diretora social do aeroclube, Luciana Zanonato, durante a cerimônia que antecedeu o voo.