
A testagem de uma nova plataforma nos próximos meses pode ditar o rumo da solução para um problema bem conhecido dos moradores de Caxias do Sul: o excesso de fiação nos postes. A tecnologia foi desenvolvida pela empresa Fixer, já foi apresentada à prefeitura e deve ser testada em postes da área central nas próximas semanas. Paralelamente, no mesmo período, devem ser retomadas as ações de limpeza e organização que iniciaram em abril de 2023, envolvendo empresas de telefonia e internet e a concessionária de energia elétrica.
A plataforma, que está em vias de aprovação para ser testada em Caxias do Sul e em Porto Alegre, em resumo, fixa um dispositivo no poste que faz o agrupamento de fios de telefonia e internet. Além de deixar a fiação mais organizada e diminuir a poluição visual, a família de produtos, feita a partir de polímero e grafeno, também promete diminuir os custos para as empresas fornecedoras deste serviço no Brasil. A aposta também, segundo os idealizadores da startup caxiense, é promover benefícios às prefeituras e, na ponta do problema, aos cidadãos que convivem diariamente com os emaranhados de fios nos postes.
— A Fixer é uma empresa de tecnologia que desenvolveu uma solução em organização e compartilhamento de cabos de telecomunicações — detalha o CEO, Fabiano Vergani.

A intenção é de que a proposta seja testada em cinco fases após aprovação da prefeitura de Caxias do Sul. O primeiro local a receber a plataforma é o entorno do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), na Rua Os Dezoito do Forte, com aplicação inicial em 20 postes. A testagem prevê ampliação para outras ruas e duração de seis a 12 meses. As empresas ocupantes dos postes, de telefonia e internet, serão previamente comunicadas sobre o processo tanto pela prefeitura como pela Fixer, assim como os moradores da área impactada.
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Élvio Gianni, vê com bons olhos a proposta para organização da fiação em postes. Ele lidera o SandBox, que é um ambiente regulatório experimental onde empresas e startups podem testar seus produtos, serviços ou modelos de negócios, assim como deve ocorrer com a Fixer. A iniciativa funciona como um espaço de aprendizagem segura e foi recentemente criada.
— Além de diminuir os riscos (em relação a cabos energizados que podem ferir e até matar pessoas), esse produto disciplina e regra os fios, deixando o visual da cidade mais bonito, que é o que todo mundo quer. Após essa testagem, a empresa nos apresenta um relatório para darmos a validação ou vermos as melhorias ou verificar as dificuldades — explica Gianni.
Quem pode se beneficiar com a solução

Os idealizadores da Fixer defendem que a tecnologia beneficia toda a comunidade. A solução será oferecida às empresas de telefonia e internet para diminuição de custos, diante do compartilhamento da estrutura, e também para a concessionária de energia elétrica, como estratégia ligada à ESG (environmental, social and governance, no português, ambiental, social e governança).
— Para os municípios, a nossa proposta varia conforme a realidade e a estrutura jurídica de cada um. Tem município, por exemplo, que poderá nos contratar para uma pequena limpeza para uma determinada área e vai fazer isso por licitação. Terá outro que poderá ter mais inovação e engenharia e poderá fazer isso por meio de dispensa ou inexigibilidade. Vai depender muito da realidade de cada município, mas temos a possibilidade de fazermos até uma parceria público-privada em algo maior — aponta a outra sócia da Fixer, a advogada Andrea Rebechi de Abreu Fattori, que lidera a startup, além de Vergani, com os sócios Guilherme Varaschin e Ivonei Lopes.
Cronograma da força-tarefa será retomado
A tecnologia da Fixer foi apresentada ao diretor de Fiscalização da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU), Rodrigo Lazzarotto, na semana ada, que também reconhece o potencial da solução. Para ele, a plataforma pode se tornar uma solução definitiva para o excesso de fios nos postes, caso haja a adesão das empresas de telefonia e internet na proposta.

Paralelamente ao período de testagem da tecnologia, a intenção é retomar, em breve, o cronograma quinzenal de limpeza iniciado no ano ado em ruas do centro. Os trabalhos começaram em abril e contaram com seis ações e 13 empresas participantes no total. A última limpeza foi realizada em setembro, na Rua Os Dezoito do Forte, na esquina com a Rua Dr. Montaury até a Feijó Júnior.
— Queremos fazer este teste primeiro porque talvez seja até uma solução que possa ser implementada logo em seguida. Se for uma solução prática, podemos fazer as operações já colocando esse sistema novo em uso — prospecta o diretor da SMU.
Lazzarotto ainda pontua que a condição climática nos últimos meses do ano e a desmobilização das empresas foram os maiores dificultadores da força-tarefa em 2023. Os trabalhos também foram capitaneados pelo Ministério Público. A quantidade de fios removida das ruas não foi contabilizada.
Denúncias
A população pode denunciar o excesso de fios em postes. A reclamação pode ser feita no Alô Caxias (156). Segundo o diretor da SMU, os bairros com mais queixas são o Colina Sorriso, o Pio X e o Panazzolo.