
Entre tantos assuntos a serem enfrentados pelo próximo prefeito de Caxias do Sul a partir de janeiro, um polêmico acaba de ser adicionado à lista: a implantação do Centro de Bem-Estar Animal. Após enfrentar resistências e também por conta do período eleitoral, a atual istração decidiu não dar continuidade ao projeto neste ano. Dessa forma, o mandatário que assumir precisará decidir onde e como será a construção da estrutura que abrirá cães e gatos sem dono.
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Atualmente, o município já possui um canil, onde estão recolhidos cerca de 700 animais. O espaço, de 20 mil metros quadrados, fica em São Virgílio da 6ª Légua. No fim do ano ado, uma licitação chegou a ser aberta para a construção do Centro de Bem-Estar Animal no mesmo endereço. A estrutura prevê novos canis, gatis, baias para cavalos e centro clínico e cirúrgico. Uma empresa chegou a vencer o certame, mas as obras, orçadas em R$ 3,7 milhões, não tiveram início e acabaram descartadas pelo município.
— Aquilo era um projeto faraônico. Tinha uma caixa d'água de aço inox, enquanto temos crianças sem o a serviços básicos. Sem contar que já é uma região urbanizada — justifica o secretário do Meio Ambiente de Caxias, Nerio Susin.
Com a decisão de levar a ideia inicial adiante, o município propôs, então, outra solução: realizar a permuta da área atual, avaliada em R$ 2,5 milhões, por uma área maior, com 70 mil metros quadrados, em Capela de São Francisco, na 6ª Légua. Esse novo terreno, no entanto, foi avaliado em R$ 1,2 milhão, por estar mais distante do centro. A diferença, de R$ 1,3 milhão, seria utilizada para a construção da nova estrutura pela empresa envolvida na permuta.
Contudo, a ideia ou a sofrer resistência tão logo foi proposta. Moradores das proximidades do novo terreno argumentaram que a estrutura poderia causar danos à produção agrícola, devido à possibilidade de contaminação da água. Entidades voltadas à causa animal também apontaram falhas no projeto.
Na época, Susin rebateu as críticas dizendo que todas as questões ambientais seriam observadas e que o esgoto gerado pelo centro seria tratado. Ao contrário do que apontavam os moradores, o secretário disse também que a área possui uma cortina vegetal e que ela não seria derrubada.
Apesar de rebater as críticas, no dia 24 de setembro o município decidiu retirar da Câmara de Vereadores o projeto de lei que autorizava a permuta. O texto havia sido encaminhado no dia 8 de setembro.
— Essa istração não vai investir. Você não vai fazer isso em período pré-eleitoral. O projeto fica agora em stand by (espera) — observa Susin.
Comunidade comemora desistência
Os moradores do entorno da área escolhida para a em Capela de São Francisco comemoraram a desistência da istração em concretizar a permuta. Integrante da comissão de moradores contrários ao avanço da proposta, Nestor Pistorello, entende que a área escolhida não é adequada por estar na beira da estrada, contar com mata atlântica e ficar distante um quilômetro da área urbana.
— É importante ter um local para o canil, mas pensar em um solução de futuro, e não imediatista. Esperamos que a situação esteja resolvida. Mostramos que não era viável — observa.
Pistorello afirma ainda que por contar com vegetação nativa, o município nem poderia utilizar toda a área recebida na permuta. Dessa forma, entende que a escolha de outra área, que pudesse ser integralmente aproveitada, proporcionaria um uso mais eficiente dos recursos públicos.
— Poderia ser abrir um edital oferecendo a área atual e construir (o Centro de Bem-Estar Animal) onde quiser — opina.
Diante da polêmica, o Ministério Público chegou a ser acionado. A promotora Janaína De Carli solicitou informações ao município a respeito do projeto, mas a prefeitura ainda está dentro do prazo para resposta.