
Realizadas em 15, 16 e 17 de agosto de 1952, as Olimpíadas Caxienses mobilizaram a população como poucas vezes se viu. Organizado pelo Departamento de Esportes da Rádio Caxias, sob o comando de Nestor Gollo, o certame de 70 anos atrás reuniu as mais variadas modalidades - integrando escolas, atletas, associações, clubes, entidades e agremiações, tanto da cidade quanto dos distritos.
Todo esse agito rendeu também um concurso fotográfico, que premiou os autores dos melhores ângulos. O primeiro lugar ficou com o jovem Mauro De Blanco (1923-2010), então com 29 anos. Intitulada “A Rebatida no Ar”, a imagem foi captada durante um jogo de vôlei feminino realizado no antigo 3º Grupo de Canhões Automáticos Antiaéreos 40mm, atual quartel. Lá, De Blanco também registrou os flagrantes abaixo, das provas de atletismo e salto com vara.


Ângulos artísticos
Hoje integrante do acervo do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, a imagem premiada estampou uma matéria especial sobre o concurso no jornal Diário do Nordeste de 27 de agosto de 1952 - que trouxe ainda os demais classificados: o poeta e tradicionalista Clóvis Pradel Pinheiro e o fotógrafo Clemente Tomazoni.
Já a comissão que julgou os flagrantes esportivos foi composta pelos senhores Bruno Rossi, Aldo Antônio Gollo e Milton Grossi. O texto original de 1952 destacou a “difícil tarefa”:
“Diante de um número de 53 fotografias, eles julgaram as melhores, após um trabalho árduo, pois as poses eram as mais diversas; os aspectos, os mais interessantes; e os ângulos, os mais artísticos”.
Ainda segundo o texto, os autores das fotos, assim como os atletas, receberam medalhas olímpicas em ouro, prata e bronze. Já as imagens ficaram expostas ao público no hall de entrada da Rádio Caxias, à época localizada no Edifício Sehbe, quase na esquina da Av. Júlio com a Rua Borges de Medeiros.
Pergunta: quem seriam as jogadoras de vôlei da premiada foto? Respostas para o e-mail [email protected].

Os premiados
- 1º lugar: “A Rebatida no Ar” (Mauro De Blanco)
- 2º lugar: “O Tento, a Emoção e o Desconsolo” (Clóvis Pradel Pinheiro)
- 3º lugar: “O Salto Olímpico” (Clemente Tomazoni)
- Menção Honrosa: “Os Fogos de Artifício do Encerramento” (Clóvis Pradel Pinheiro).
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Dose dupla
O ano de 1952 trouxe outra imagem marcante da trajetória do fotógrafo Mauro De Blanco. Intitulada “O Inferno de Dante”, ela foi captada durante o incêndio que atingiu a Ferragem Caxiense, em 23 de novembro de 1952 - três meses após a realização das Olimpíadas Caxienses.
Na manhã daquele domingo, na praça, De Blanco enquadrou o busto de Dante Alighieri em primeiro plano, como que a testemunhar o desespero da população e as enormes labaredas atingindo a ferragem e a antiga Casa Minghelli, na esquina das ruas Sinimbu e Marquês do Herval.
Lembranças de Nestor Gollo
Em 2002, por ocasião do aniversário de 50 anos das Olimpíadas Caxienses, Nestor Gollo (in memoriam), recordou, em artigo publicado no Pioneiro, como a cidade se comportou em agosto de 1952:
“Foram três dias plenos que movimentaram milhares de atletas, centenas de dedicados colaboradores e dezenas de estádios, canchas, raias, pátios, ruas, céus e terra, tudo gravitando em torno dos Jogos Olímpicos. Desde a Chama Olímpica, que partiu de São Sebastião do Caí, até os "Cinco Círculos Olímpicos", majestosamente iluminados em altiva pira - zelosamente guardada pelos escoteiros e escoltada pelas dezenas de bandeiras de todas as entidades, clubes, associações, grupamentos, colégios e particulares -, tudo se somou e se associou na cidade e seus arredores. A colaboração foi irrestrita e sem dimensões. A Eberle cunhou as medalhas (leia-se Bruno Segalla) em ouro, prata e bronze; a Taça Magna (conquistada com méritos pelo Aymoré) era em prata 90 e os diplomas, hoje amarelecidos, foram confeccionados pela Editora Globo de Porto Alegre. A comunidade inteira se uniu e colaborou. A ZYF-3 Rádio Caxias, que a tudo comandou e cobriu, ficou-lhe reservada a glória de um resultado inédito e triunfante”.
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