
As antigas Escolas Paroquiais e a Igreja tiveram papel fundamental na educação primária e na oferta de cursos profissionalizantes a milhares de caxienses nas primeiras décadas do século 20, época em que instituições como o Senac e o Senai ainda não haviam sido implementados no país - o Senai surgiu em 1942, e o Senac, em 1946.
Dona Ignez (Inês) Égide Boff Zandomeneghi, que completaria 100 anos hoje, foi uma dessas alunas. Filha de Luiz Boff e Lucia Turra Boff, ela nasceu no bairro São Pelegrino em 4 de outubro de 1921 e, durante a infância, frequentou as “Escolas Parochiaes” - como mostra o “diploma de honra” do primeiro grau, quando ela tinha apenas oito anos.
O certificado, entregue à aluna “do primeiro lugar nas notas finais” em 26 de dezembro de 1929, foi assinado pela professora Maria José de Abreu e Lima, com carimbo do diretor, o então vigário da Paróquia Santa Tereza, João Meneguzzi.


Curso de datilografia
Durante a juventude, Ignez auxiliou no trabalho junto aos parreirais, cultivados pela família na propriedade do bairro Kayser, próximo à Intral - como o pai, Luiz Boff, trabalhava na Cooperativa Agropecuária Caxiense, ela também participou do desfile de carros alegóricos da Festa da Uva em 1934. Já em 1940, aos 19 anos, ela atuou como secretária na Associação Rural de Caxias do Sul, que, na época, tinha Maria Moretto como diretora (foto acima).
A “profissionalização” chegou em 1943, quando ela participou do curso de datilografia promovido pelo Colégio São Carlos em parceria com a fabricante de máquinas de escrever Remington. Na foto que abre a matéria, de 16 de maio de 1943, vemos a jovem Ignez, aos 22 anos - de roupa clara, abaixo do quadro de Getúlio Vargas -, com os colegas que receberam o diploma - entre eles, Ítalo Antônio Furlan (sentado à direita). am o certificado a irmã Maria Jacomina Veronese e o padre Eugênio Giordani, pároco de São Pelegrino. Você identifica os outros formandos? Informações para o e-mail [email protected].


A família
Em 21 de maio de 1948, Ignez Boff casou-se com Pedro Celestino Zandomeneghi, mudando-se para o bairro de Lourdes - na Rua Os 18 do Forte, 145, posteriormente 119. Ignez e Pedro tiveram quatro filhos - Vitória Lúcia, João Luiz, Marco Antônio e Maria Cristina - e cinco netos - Guilhermo, Isadora, Geórgia, Elisa e Clara.
Além das tarefas do lar, dona Ignez foi zeladora de capelinha por quase 40 anos e auxiliou o marido no lendário armazém do sogro, João Zandomeneghi - e, mais tarde, no da família. O casal também foi festeiro na Festa das Capelinhas, na época em que o padre Mário Pedrotti era o pároco da igreja de Lourdes.
Dona Ignez Boff Zandomeneghi faleceu em 14 de maio de 2005, aos 83 anos.
Parceria
Informações desta página são uma colaboração do filho João Luiz Zandomeneghi e da neta Isadora Poyer Zandomeneghi.
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