
Rebatizada de João Pessoa em 1930, a praça localizada no cruzamento da Av. Júlio de Castilhos com a Rua Feijó Jr., em São Pelegrino, tem sua origem atrelada à agem do então presidente do Rio Grande do Sul Júlio Prates de Castilhos por Caxias, em 1897. Tanto que seu nome genuíno, Praça 11 de Março, é uma referência ao dia da chegada do político responsável por outro feito histórico – cunhar em seu discurso a expressão “Pérola das Colônias”, alusiva à beleza e ao desenvolvimento de Caxias.
Parte dessa história foi destacada na edição do jornal “O Brazil” de 5 de abril de 1913, quando foi anunciada a instalação dos bustos em homenagem a Júlio de Castilhos e ao poeta italiano Dante Alighieri. Consta no texto original:
“Anteontem, em reunião na Associação dos Comerciantes desta cidade, por iniciativa do doutor Vicente Bornancini e do major Penna de Moraes, ficou deliberado elevar, respectivamente, nas praças Dante e 11 de Março, bustos ao poeta Dante Alighieri e ao patriarca Júlio de Castilhos. Como se sabe, a Praça 11 de Março assinala o dia da chegada de Júlio de Castilhos a Caxias, em 1897”.
O mesmo jornal, porém, trouxe a notícia de uma “mudança de planos” conforme texto contido na capa da edição de 31 de janeiro de 1914:
“Era a Praça 11 de Março, data da chegada de Júlio de Castilhos a Caxias, o local escolhido para a ereção do monumento. Mas, sendo uma praça em formação, várias foram as opiniões com que concordamos no sentido de que fosse erecto na praça principal de Caxias.”
A saber (I): os bustos de Dante e Júlio foram inaugurados dali a poucos meses, em 15 de novembro de 1914, na Praça Dante Alighieri – onde permanecem até hoje.
A saber (II): a mudança para Praça João Pessoa buscou homenagear o então Presidente do Estado da Paraíba, assassinado em 26 de julho de 1930. À época, Pessoa concorria como vice de Getúlio Vargas nas eleições presidenciais. Como Caxias apoiava Vargas, a morte de Pessoa comoveu a cidade. A nova denominação foi assinada pelo intendente Thomaz Beltrão de Queiroz em 25 de agosto de 1930.



Recanto aprazível
Ainda em formação na década de 1910, a Praça 11 de Março entrou nos anos 1920 acompanhando o iminente processo de urbanização da cidade. O logradouro é citado em diversos jornais na segunda metade daquela década, em especial à época da inauguração da Avenida Rio Branco. Edição de 28 de maio de 1927 do jornal “O Regional” destacou:
“Pela População de Caxias será oferecido brevemente, ao 9º Batalhão de Caçadores, um estandarte, a fim de substituir o que possui atualmente esta corporação, que fez com o mesmo diversas campanhas. Por ocasião da entrega será também inaugurada a Avenida Rio Branco, que está a ser concluída até as proximidades do quartel, assim como a Praça 11 de Março, localizada no arrabalde São Pelegrino”.
Edição de 12 de outubro de 1927 do mesmo jornal voltou a destacar a praça, desta vez elencando as obras de modernização da cidade feitas durante o governo do intendente Celeste Gobbato:
“Em São Pelegrino, a Praça 11 de Março e a Avenida Rio Branco, modernas e bonitas, tornam aprazível aquele lindo recanto da cidade”.


Desde 1897
Conforme informações do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, a primeira referência à Praça 11 de Março encontra-se no Ato nº 10, de 31 de julho de 1897. Ele regularizava a denominação das ruas e praças que iriam ser abertas na área recebida por concessão do Governo do Estado, na região oeste da então Vila de Santa Teresa de Caxias.
Foi no governo do intendente Celeste Gobbato (1924-1928) que a praça sofreu a primeira intervenção urbanística. As obras fizeram parte de um projeto mais amplo, que agregou outras ações para os festejos comemorativos do cinquentenário da colonização italiana no Rio Grande do Sul, em 1925. Entraram aí a abertura da Av. Itália, a macadamização da Avenida Rio Branco e a inauguração do Parque Cinquentenário, entre outros.
Parceria
Parte das informações e fotos desta coluna são uma colaboração do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
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