
Bodas de vinho, alusivas a 70 anos de casamento, volta e meia ocupam este espaço. A história de hoje, no entanto, diferencia-se das outras já publicadas. Primeiro, por seus personagens terem suas origens no Vale do Rio Pardo – apesar de já terem residido em Caxias. A segunda, devido à pandemia, que alterou o cotidiano da família e as comemorações previstas.
O texto abaixo, publicado originalmente na coluna Almanaque Gaúcho, de Zero Hora, na terça-feira (30), é uma homenagem ao casal Odilo e Traudi Tirelli, que completou as bodas de vinho no último domingo, dia 28. A colaboração foi enviada pela neta Flávia Tirelli – e toda essa história diz muito sobre os dias que estamos vivendo:
“Odilo José Tirelli, 97 anos, e Traudi Helga Petry Tirelli, 89, completaram 70 anos de casados no domingo. O matrimônio ocorreu no dia 28 de março de 1951, em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. Odilo nasceu em Venâncio Aires dia 30 de janeiro de 1924, neto de imigrantes italianos e filho de pequenos comerciantes do interior. Com muita dedicação, se formou em Economia e foi funcionário de carreira do Banco do Brasil (BB), atingindo os postos mais altos como gerente geral em Porto Alegre. Em 2016, nas comemorações dos 100 anos do BB no RS, Odilo foi o funcionário homenageado escolhido para representar todos os aposentados do banco.
Traudi nasceu em Santa Cruz no dia 19 de setembro de 1931. Com ascendência alemã, filha de comerciante de tabaco, criou os filhos e netos com muito amor e carinho. Ela é famosa por seus doces e por sua doçura como pessoa. Suas trajetórias são exemplo para seus quatro filhos (Maria Luiza, Marco Antônio, Mário Cezar e Cláudia), para seus 12 netos e três bisnetos.

Em função da carreira no BB, o casal morou em Santa Cruz do Sul, Lajeado, Caxias do Sul e Porto Alegre. Além de se dedicarem aos pais, irmãos, filhos e netos, eles sempre adoraram viajar. Conheceram a Europa, a América do Norte e a América do Sul. A vó sempre fala que o lugar que ela gostaria de voltar é o Chile, para cruzar novamente a cordilheira. O vô guarda um caderno com nomes dos hotéis, restaurantes e dicas de locais que visitaram. O verão inteiro eles avam com a família na casa que construíram em Xangri-lá, no Litoral Norte.
Meus avós gostariam muito de poder comemorar essa data tão especial de suas vidas. Afinal, ela representa a união e origem de nossa família. Eles estavam muito contentes que haviam sido vacinados e poderiam estar juntos nesse momento tão marcante. No entanto, mesmo com todos os cuidados e após estarem reclusos em casa por mais de 12 meses, acabaram por, recentemente, contrair a covid. Minha avó segue estável e está em casa, mas, meu avô, 10 dias atrás, foi hospitalizado e se encontra em uma situação bem delicada em função de sua idade.
Ele é uma pessoa muito forte, orgulhoso da nossa família, de suas origens italianas e de suas conquistas. Odilo e Traudi são avós presentes na vida de cada filho, neto e bisneto. Ambos são, para nós, símbolos de união, respeito e amor. Nos ensinaram as coisas mais importantes das nossas vidas. Falam que devemos seguir nossos sonhos e que a melhor coisa do mundo é viajar e, ao mesmo tempo, é muito bom voltar pra casa e encontrar a família unida!”
Torcemos para que, em breve, assim seja...


