Três meses após a chuva que atingiu o Estado, apicultores seguem sendo impactados. Foram 3 mil colmeias perdidas de forma direta em maio e mais 10 mil indiretamente, por falta de alimento. Considerando que cada colmeia tem, em média, 40 mil abelhas, foram, até agora, 520 milhões de insetos mortos. A estimativa é da Federação de Apicultura do Rio Grande do Sul.
A doação de 10 toneladas de farelo de soja pela empresa Bunge para o Estado, por meio da Associação Brasileira de Estudos das Abelhas, vem como um alívio para os produtores da região. Por conta das adversidades climáticas, os enxames não realizaram seu estoque de alimentos necessário para ar o inverno.
O farelo, associado ao açúcar, será usado para a alimentação dos polinizadores até a recuperação da vegetação local. Apicultores gaúchos já tinham recebido cerca de 40 toneladas de açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Conforme o vice-presidente da Federação, Patric Luderitz, a doação já está sendo distribuída entre os produtores.
Embora seja um auxílio importante, ele destaca que o setor precisa de ajuda financeira dos governos para um projeto de repovoamento de abelhas no parque apícola no Vale do Taquari.
— Sem recursos, a gente não consegue. Precisamos de R$ 3 a R$ 5 milhões — diz Luderitz, acrescentando que o prejuízo no Estado está estimado em R$ 30 milhões.
Segundo o presidente da Federação, David Vicenzo, os impactos devem começar a ser sentidos no ano que vem. Além de produzirem cera e mel, as abelhas são responsáveis pela polinização de diversas culturas. Sem elas, safras serão prejudicadas, como as de canola, maçã e soja.
Além da preocupação com as perdas em decorrência da crise climática, a Federação de Apicultura do RS monitora na região o uso de um inseticida a base de fipronil, também causador da morte de abelhas.