
Há quase 400 anos, num projeto de expansão da igreja católica, missionários jesuítas chegaram ao RS para catequizar indígenas. Para isso, eles formaram comunidades em torno de igrejas. Um deles é o atual sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo, que impressiona pela magnitude. Todos os anos, 60 mil pessoas viajam a São Miguel das Missões para ver de perto a igreja, a escola, o hospital e outras estruturas que marcaram o encontro de culturas entre jesuítas e guaranis.
Quatro séculos depois, para celebrar esse legado e incentivar o turismo nas Missões, uma série de investimentos está sendo realizada para que toda essa história seja preservada.
— Vai ter um trânsito grande de gente pela área do sítio e, por conta disso, precisamos acolher eles da melhor maneira possível. Tem algumas questões como estacionamentos, pedimos para a prefeitura a instalação de estacionamento para ônibus especificamente — pontuou o chefe do Parque Histórico Nacional, Filipi Gomes de Pompeu.
Obras no o asfáltico a dois sítios arqueológicos estão sendo concluídas. No o a São João Batista ainda falta um pequeno trecho de pavimentação, como explicou Pompeu:
— O que falta é a prefeitura apresentar um projeto arqueológico com o plano de gestão que foi solicitado, pelas estruturas arqueológicas que já existem e que estão no leito da estrada.
Essa é mesma situação do sítio de São Loureço Mártir. A obra de asfalto começou, mas foi interrompida até a liberação do projeto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Já na rodovia mais importante para o turismo nas Missões, a BR-285, no trecho que vai de Entre-Ijuís a São Borja, uma nova camada de asfalto está sendo feita e terceiras pistas são abertas em alguns pontos.
O governo do Estado montou uma força-tarefa e até maio do próximo ano deve investir R$ 100 milhões para melhorar a infraestrutura da região.

Rede hoteleira está preparada
Mas quem viaja até as Missões precisa mais do que lugares para visitar. Foi pensando nisso que hotéis e restaurantes se preparam para encantar os novos clientes. Em um hotel de São Miguel das Missões, os espaços receberam nomes em guarani e têm objetos de decoração fabricados por povos originários.
— A gente se preocupou muito com isso e é uma das pautas importantes resgatar essa arte. A decoração é guaranítica e kaingang também — destacou a diretora do hotel, Rita de Cássia Silva Pippi.
Em São Luiz Gonzaga, outro hotel pensa em estratégias para acolher turistas brasileiros e estrangeiros. Nas paredes, registros das histórias e costumes herdados dos povos originários.
— Estamos numa localização estratégica dos Sete Povos das Missões, então sempre é bom relembrar e valorizar as nossas origens. Estamos prontos para receber todo o turista que vier do Brasil e até de fora — afirmou o empresário Rônei Krieger Santos.
Sete Povos das Missões
Em 1626, missionários jesuítas cruzaram a fronteira da Argentina para o Brasil, pelo Rio Uruguai, com o objetivo de catequizar os povos indígenas e ampliar a influência da igreja católica. O primeiro povoado missioneiro criado no Rio Grande do Sul foi São Nicolau, no dia 3 de maio daquele ano.
O fim dessas comunidades começou a partir do Tratado de Madri, em 1750, que determinou que essa região seria dos portugueses, e não mais dos espanhóis. Com a guerra guaranítica, muito do patrimônio acabou destruído. O que sobrou tornou-se espaço histórico mantido e visitado até hoje.