
Um estudo realizado por alunas dos cursos de zootecnia e medicina veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mostrou que, quando o assunto é a alimentação dos animais de estimação, por mais que se recomende uma dieta balanceada própria para eles, os tutores não resistem e muitas vezes oferecem seus próprios alimentos.
De acordo com um levantamento feito em 2014 pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET), o Brasil é o país que apresenta o quarto maior número de animais de estimação no mundo. A convivência frequente de humanos com cães e gatos despertou ainda mais preocupação com a saúde, bem-estar e nutrição desses animais, devido aos diversos distúrbios nutricionais que podem surgir. Foi o que motivou o estudo.
O questionário das pesquisadoras tinha 28 perguntas e foi difundido através das redes sociais no período de janeiro a abril de 2018. O o à pesquisa foi limitado apenas aos tutores de cães, mas sem delimitações geográficas. As 397 respostas dissecaram a rotina dos tutores que, vejam só, dividem sim alimento humano com seus pets. E levante a primeira para quem não gosta de uma salsicha cozida!
Para conhecer o perfil dos participantes, foram feitas perguntas de caráter socioeconômico. Os entrevistados deveriam responder sobre o manejo da alimentação dos animais e o hábito de ingestão deles.
Desses 397 tutores, 84% eram mulheres com idades entre 20-30 anos (53%) - provavelmente devido a difusão via redes sociais - e 54% possuíam nível superior completo ou pós- graduação.
Talvez a proximidade com seus tutores, e por eles serem considerados integrantes da família, explique o porquê de 51% dos entrevistados fornecerem seu próprio alimento para o animal. Destes:
- 75% dão frutas
- 17% fornecem iogurtes
- 9% ofertam salgadinhos
- 4% distribuem doces (balas e chocolates) aos bichinhos, provavelmente desconhecendo que chocolate é um alimento tóxico para cães.
Além disso, a pesquisa mostra que 32% desses entrevistados residiam com mais uma pessoa, o que pode influenciar o compartilhamento de alimento se comparado àquela residência em que apenas um tutor faz o manejo.
Apesar dos deslizes, a maioria dos tutores ite fornecer dieta seca como principal componente da alimentação dos cães (69%), em duas refeições ao dia.
Entretanto, mais da metade dos tutores relata, sim, dividir a própria comida com o cão. Mais ainda: observou-se que os tutores não consideram os alimentos extras, como petiscos, como componentes da dieta, e não levam em consideração as calorias ingeridas.
— Essas ações afetam diretamente o consumo calórico destes animais, podendo favorecer a obesidade e diabetes — comenta a zootecnista Geruza Silveira Machado, colaboradora na pesquisa.
Ainda de acordo com a pesquisadora, o hábito ingestivo dos cães é, sim, influenciado pelo estilo de vida de seus tutores, a rotina, o tempo que dedicam aos pets e até mesmo seus hábitos alimentares, o que inclui a divisão de comida.
O trabalho foi apresentado e publicado no IV Simpósio de Nutrição de Animais de Companhia (IV SINPET), em Curitiba (leia na íntegra). Que saber mais sobre a nutrição de seu pet? Envie sua dúvida para [email protected]
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação. Escreve semanalmente em revistadonna.com