Ao notar qualquer um desses sinais, Denise ressalta que o ideal é abordar o tema com cuidado, escuta e respeito.
— O superendividamento não é falha de caráter nem irresponsabilidade, mas o reflexo de um contexto social complexo, que exige sensibilidade e ação conjunta — reforça.
Entre os principais fatores estão:
— Infelizmente, muitos bancos ainda aproveitam a hipervulnerabilidade do idoso para oferecer empréstimos com taxas abusivas. Em alguns casos, o Custo Efetivo Total (CET) ultraa os 1.000% ao ano — denuncia Angelos.
O superendividamento afeta mais do que o bolso. Denise explica que os efeitos emocionais são severos:
— Muitos idosos vivenciam culpa, vergonha, ansiedade e depressão. A sensação de fracasso pessoal é comum e pode gerar isolamento social.
A perda da autonomia financeira, que está fortemente associada à dignidade na velhice, é um golpe duro para essa geração.
De acordo com o advogado previdenciário Rodrigo da Veiga Lima, a legislação tem avançado para proteger os idosos.
— A Lei 14.181/2021 permite ao superendividado entrar com uma ação judicial para renegociar suas dívidas de forma global. Além disso, o Estatuto do Idoso garante proteção contra práticas abusivas, como assédio para contratação de crédito — explica.
Quando há contratação de empréstimos sem plena compreensão por parte do idoso, a Justiça pode anular os contratos com base no vício de consentimento.
— Há jurisprudência consolidada que reconhece a hipervulnerabilidade da pessoa idosa — destaca o advogado.
Segundo o educador financeiro Diego Angelos, os primeiros os são:
A cartilha do governo também recomenda evitar o uso do cartão de crédito, eliminar despesas não essenciais, e sempre verificar o custo efetivo total (CET) de qualquer operação financeira.
Para Denise, embora o primeiro o para sair do superendividamento seja reconhecer a situação, nenhum idoso deve enfrentar isso sozinho. O caminho para reequilibrar as finanças exige, além de orientação técnica, apoio afetivo e prático de pessoas de confiança.
— Os idosos, muitas vezes, não têm mais a agilidade mental ou emocional para lidar com renegociações, contratos e cálculos. A presença de um familiar ou amigo de confiança é fundamental, não para controlar, mas para caminhar junto — salienta a psicóloga.
Idealmente, essa pessoa de apoio deve ser alguém que o idoso confie e que saiba ouvir sem julgamento — um filho, neto, cuidador ou até um vizinho próximo. O importante é que haja respeito à autonomia do idoso, ainda que ele precise de auxílio para tomar decisões com mais segurança.
Especialistas recomendam:
— Buscar apoio psicológico é essencial — reforça Denise.
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), serviços universitários ou profissionais particulares podem ajudar. A família também tem um papel fundamental.
— É preciso escutar sem julgamento e caminhar junto, respeitando a autonomia do idoso. A interdição só deve ser considerada em casos extremos, como demência ou transtornos mentais graves — finaliza.
Combater o superendividamento na terceira idade exige uma rede de apoio multidisciplinar com políticas públicas eficazes, instituições financeiras mais responsáveis, famílias presentes e, sobretudo, mais educação financeira.
— O conhecimento é a principal arma de defesa. A legislação está aí para proteger, mas é preciso divulgar os direitos e reforçar a autonomia da pessoa idosa, antes que o peso das dívidas comprometa saúde, dignidade e paz — conclui Angelos.
* Produção: Leonardo Martins
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