
No Festival de Cannes de 2017, quando era uma das atrizes de O Estranho que Amamos, refilmagem de Sofia Coppola para um título realizado em 1971 por Don Siegel, Nicole Kidman fez uma promessa.
Ela disse que trabalharia com pelo menos uma diretora a cada 18 meses, como forma de impulsionar carreiras em uma indústria tão masculina. Basta observar a lista de indicações ao Oscar de melhor direção: na quase centenária história da premiação de Hollywood, apenas nove mulheres concorreram na categoria.
Kidman observou que enquanto os diretores têm mais chances de se recuperar após um projeto malsucedido, as mulheres são prejudicadas se não entregarem um filme perfeito. E a atriz também sabe da enorme dificuldade de uma cineasta estreante conseguir produzir seu primeiro longa-metragem.
Milionária (sua fortuna é estimada em US$ 250 milhões) e consagrada (tem um Oscar, por As Horas, e mais quatro indicações, por Moulin Rouge, Reencontrando a Felicidade, Lion e Apresentando os Ricardos, além de cinco Globos de Ouro), Nicole Kidman resolveu arregaçar as mangas.
— Estou vendo esse cenário mudar — afirmou recentemente à revista Variety a atriz que comemora 58 anos no dia 20 de junho. — A única maneira de fazer isso é realmente se esforçar, aparecer e dizer: "Sim, estou aqui, estarei no seu filme". Sei que temos US$ 4 milhões para fazer isso. Mas vamos conseguir.
Pelo que prometeu em Cannes, naquele maio de 2017, Kidman, até agora, teria de ter trabalhado com pelo menos cinco diretoras e estrelado pelo menos cinco projetos. A atriz não só cumpriu a promessa: praticamente dobrou a meta. Foram nove filmes ou séries, sob o comando de nove mulheres diferentes.

Em 2018, Nicole Kidman estrelou O Peso do ado, de Karyn Kusama, no papel de uma detetive que se infiltra em uma gangue, com consequências trágicas. O filme pode ser visto no canal Diamond Films do Amazon Prime Video.

Em 2019, voltou a interpretar a personagem Celeste Wright na segunda temporada de Big Little Lies, dirigida por Andrea Arnold. A série está disponível na plataforma Max.

Em 2020, fez The Undoing, minissérie com direção de Susanne Bier em que uma terapeuta de casais descobre que seu marido, um oncologista pediátrico, pode ser o responsável por um crime terrível. O título integra o menu da Max.

Em 2022, apareceu em um dos episódios da antologia Rugido, A Mulher que Comeu Fotografias, assinado por Kim Gehrig e Liz Flahive. A série pode ser vista no Apple TV+.

Em 2023, fez a personagem principal de Expatriadas, minissérie criada pela cineasta Lulu Wang, ambientada em Hong Kong e disponível no Amazon Prime Video.

Em 2024, protagonizou Babygirl, drama erótico da diretora Halina Reijn sobre fantasias sexuais de submissão. O filme pode ser visto no Amazon Prime Video.

Também no ano ado, retomou a parceria com Susanne Bier na minissérie da Netflix O Casal Perfeito, mistura de mistério policial e sátira do mundo dos super-ricos.

Ainda em 2024, emprestou a voz para a rainha Ellsmere no longa de animação Enfeitiçados, de Vicky Jenson. O filme está disponível na Netflix.

Agora em 2025, foi a protagonista de Holland, da diretora Mimi Cave, na pele de uma professora cuja vida aparentemente de sonho, como esposa e mãe, pode virar um pesadelo quando resolve investigar um segredo do marido. O filme faz parte do menu do Amazon Prime Video.
Os próximos projetos de Nicole Kidman incluem a minissérie Margo's Got Money Troubles, adaptação de um best-seller da escritora Rufi Thorpe com três diretoras na equipe (Kate Herron, Alice Seabright e Dearbhla Walsh); Scarpetta, série policial baseada nos romances de Patricia Cornwell sobre uma médica legista que usa a tecnologia forense para solucionar crimes, tendo pelo menos dois episódios dirigidos por Charlotte Brändstörm; e Da Magia à Sedução 2, sequência do filme de 1998, agora com direção de Susanne Bier.
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