Prefeito em exercício de Montenegro, Cristiano Braatz, afirmou que o nome e a localização da propriedade onde foi detectado o caso não estão sendo divulgados por se tratar, segundo ele, de "assunto interno":
— É uma assunto interno para o bom andamento dos trabalhos. É uma questão puramente técnica. Não podemos agora dar esta informação para não causar nenhum tipo de transtorno para os trabalhos que estão sendo feitos e ainda serão serão desenvolvidos nos próximos dias.
Braatz afirmou que a prefeitura de Montenegro ficou sabendo do caso entre 23h e meia-noite de quinta-feira (15), e que, na manhã desta sexta, já se reuniu com técnicos do Estado para definir medidas a serem adotadas.
O prefeito ressaltou que se trata se protocolos já existentes, e que as formas de execução serão debatidas em uma reunião na Câmara de Vereadores no início da tarde:
— Os técnicos nos pediram que possamos auxiliar em aspectos de logística necessária para que eles desenvolvam o trabalho. Virão para o município aproximadamente 50 pessoas que farão toda a parte técnica na área atingida, para evitar a proliferação a outras granjas, outros aviarios. Daremos apenas o e com as nossas áreas de Vigilância Sanitária, Saúde e Secretaria de Desenvolvimento Rural.
Apesar de a China, principal comprador do produto brasileiro, suspender a importação de frango do país inteiro, outras nações restringirão apenas do Estado onde o foco foi encontrado — no caso, o Rio Grande do Sul.
Fávaro explicou que houve mudanças nos tratados sanitários com vários países após primeiro caso de contaminação de aves silvestres no Brasil em 2023. A intenção era regionalizar eventual suspensão, já que um caso no Rio Grande do Sul, por exemplo, não afetaria os animais de outros Estados.
— Os países em que nós conseguimos avançar e trocar o protocolo, como é o caso do Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes, ficam s primeiros ao Estado que teve o foco, no caso do Rio Grande do Sul, e depois se restringe apenas ao município. O restante do Brasil continua com o fluxo comercial normal — destaca o ministro.
Quanto aos impactos financeiros, o ministro disse que cálculos ainda precisam ser feitos para se ter uma dimensão do problema. O Rio Grande do Sul é o terceiro maior exportador de carne de frango entre os Estados brasileiros.
Este é o primeiro foco em aves comerciais, mas pelo menos casos da doença já haviam sido detectados em aves silvestres.
O primeiro deles foi em maio de 2023, na Estação Ecológica do Taim, entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, no sul do Estado.
Além do caso de Montenegro, foi confirmada contaminação de aves silvestres no Zoológico de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana. O surto matou 90 das 500 aves aquáticas do espaço, principalmentes cisnes e patos.
A confirmação do caso do zoológico depende da conclusão das análises laboratoriais. Contudo, segundo Ananda Kowalski, coordenadora do Programa Estadual de Sanidade Avícola da Seapi, episódios de gripe aviária em animais silvestres são mais comuns, em razão da circulação do vírus na América.
— No caso do zoo, ainda a gente aguarda a confirmação laboratorial, para saber se trata-se de influenza de alta patogenicidade — diz Ananda.
O zoológico foi fechado para visitações, e o espaço destinado às aves foi isolado.
Apesar do impacto econômico, autoridades alertam que a influenza aviária, popularmente conhecida como gripe aviária, não oferece riscos à saúde humana, sobretudo por meio do consumo da carne de aves e de ovos.
Em nota, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) destacou que não há qualquer restrição ao consumo dos produtos. Afirma ainda que o risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo, ocorrendo, em sua maioria, entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, destacou, em entrevista para a TV Centro América, que não é preciso "ter qualquer tipo de pavor":
— Podem, tranquilamente, continuar consumindo e devem continuar consumindo carne de frango e ovos com tranquilidade. O risco, e há um risco de contaminação, é nas pessoas que manuseiam o animal contaminado, os tratadores, as pessoas que vão recolher. Por isso, tem de ter um protocolo mais rígido.
O médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento Paulo Gewehr reforça que não há risco de contaminação pelo consumo de frango ou ovos. Ele alerta, no entanto, que o leite cru pode, sim, transmitir a doença.
— Se for pasteurizado, não há problema — completa.
"O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou nesta quinta-feira (15) a detecção do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em matrizeiro de aves comerciais. A detecção ocorreu no estado do Rio Grande do Sul, no município de Montenegro.
Esse é o primeiro foco de IAAP detectado em sistema de avicultura comercial no Brasil. Desde 2006, ocorre a circulação do vírus, principalmente na Ásia, África e no norte da Europa.
O Mapa alerta que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves nem de ovos. A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas).
As medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência já foram iniciadas e visam não somente debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e, assim, a segurança alimentar da população.
O Mapa também está realizando a comunicação oficial aos entes das cadeias produtivas envolvidas, à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), aos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, bem como aos parceiros comerciais do Brasil.
O Serviço Veterinário brasileiro vem sendo treinado e equipado para o enfrentamento dessa doença desde a primeira década dos anos 2000.
Ao longo desses anos, para prevenir a entrada dessa doença no sistema de avicultura comercial brasileiro, várias ações vêm sendo adotadas, como o monitoramento de aves silvestres, a vigilância epidemiológica na avicultura comercial e de subsistência, o treinamento constante de técnicos dos serviços veterinários oficiais e privados, ações de educação sanitária e a implementação de atividades de vigilância nos pontos de entrada de animais e seus produtos no Brasil.
Tais medidas foram cruciais e se mostraram efetivas e eficientes para postergar a entrada da enfermidade na avicultura comercial brasileira ao longo desses quase 20 anos."
O Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA), da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), atendeu a suspeita de síndrome respiratória e nervosa de aves, no dia 12 de maio, em estabelecimento avícola de reprodução, em Montenegro. As amostras foram coletadas e encaminhadas ao Laboratório Federal de Diagnóstico Agropecuário, em Campinas (SP), que confirmou o diagnóstico de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) nesta sexta-feira (16/5).
Com a confirmação do foco, o Serviço Veterinário Oficial do RS (SVO-RS) desencadeou as ações previstas no Plano Nacional de Contingência de Influenza Aviária, com isolamento da área em Montenegro e eliminação das aves restantes, para que seja iniciado o protocolo de saneamento da granja. Será conduzida investigação complementar em raio inicial de 10 km da área de ocorrência do foco, e de possíveis vínculos com outras propriedades. A mortalidade de aves no Zoológico de Sapucaia do Sul, que está fechado para visitação, também foi atendida e a Seapi aguarda o resultado do sequenciamento.
O SVO-RS reforça que o consumo de carne de aves e ovos armazenados em casa ou em pontos de venda é seguro, já que a doença não é transmitida por meio do consumo. A população pode se manter segura, não havendo qualquer restrição ao seu consumo.
"Com relação à identificação de foco de H5N1 em uma granja de aves do município de Montenegro (RS), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) ressaltam a total transparência do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, juntamente com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) do Rio Grande do Sul em relação à identificação, comunicação e contenção da situação, que é pontual.
A ABPA e a ASGAV estão apoiando o MAPA e a Seapi neste processo. Todas as medidas necessárias para o contingenciamento da situação foram rapidamente adotadas, e a situação está sob controle e monitoramento dos órgãos governamentais.
Ao mesmo tempo, as entidades confiam na rapidez das tratativas que serão adotadas pelo Ministério e pela Secretaria em todos os níveis, de tal forma que qualquer efeito decorrente da situação seja solucionado no menor prazo possível.
Por fim, a ABPA e a ASGAV lembram que a situação em questão - assim como qualquer outra ocorrência da enfermidade em aves - não representa qualquer risco ao consumidor final".