Jim Bridenstine, da Nasa, garantiu que agência espacial concentrará seus esforços para chegar a Marte até 2033

A Estação Espacial Internacional - que hospedou, em 2006, o astronauta brasileiro Marcos Pontes, hoje à frente do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) - é o maior exemplo atual do rumo que a exploração espacial deve tomar, 50 anos após a chegada do homem à Lua. A ISS (sigla em inglês para International Space Station) recebeu, desde que começou a ser ocupada, em 2000, a visita de 230 pessoas de 18 países. É símbolo da cooperação que marca os atuais esforços relacionados ao espaço. 

— Enquanto EUA e Rússia estão brigando aqui na Terra, o (Donald) Trump e o (Vladimir) Putin falando que um espionou o outro, lá no espaço estão trabalhando juntos. Os astronautas americanos só vão para o espaço através da Rússia. Os EUA não mandam astronautas para o espaço: têm de ir para o Cazaquistão. Então, existe cooperação. Se não cooperar, não acontece a exploração espacial. Se não for o trabalho em equipe, não vamos a lugar nenhum — garante Jefferson Michaelis, diretor de Educação Espacial da Kennedy Space Center International Academy, organização dedicada a despertar o interesse de jovens pelo espaço. 

É em conjunto, portanto, que se prevê a realização de novos feitos envolvendo seres humanos fora da Terra. E chegar a novos avanços a por um lugar já conhecido, mas bem pouco explorado. 

JEFFERSON MICHAELIS

JEFFERSON MICHAELIS

diretor de Educação Espacial da Kennedy Space Center

Se não cooperar, não acontece a exploração espacial. Se não for o trabalho em equipe, não vamos a lugar nenhum.

Tem se consolidado a crença de que chegar a Marte a, necessariamente, por um retorno à Lua. E uma nova missão para lá não está distante. O governo norte-americano anunciou que pretende voltar ao satélite natural da Terra em breve - seria uma parada na jornada rumo ao Planeta Vermelho. 

A largada para esses planos foi dada pela própria Nasa, mas a agência espacial dos EUA não quer mais desenvolver sozinha as naves e foguetes, nem assumir a responsabilidade por seu lançamento, pouso ou controle. A intenção, agora, é que o setor privado lide com esses desafios e leve os experimentos para a Lua - contando com apoio financeiro do governo norte-americano. 

— Estamos fazendo algo nunca feito antes — anunciou Jim Bridenstine, da Nasa, em novembro do ano ado. — Quando formos à Lua, queremos ser um cliente de muitos clientes em um mercado robusto entre a Terra e seu satélite — garantiu. 

Jim Watson / AFP PHOTO
A Nasa e a SpaceX, do executivo Elon Musk, firmaram parceria para teste de defesa da Terra contra possíveis asteroides

Um dos prováveis "empregadores" da Nasa em breve é o bilionário Elon Musk, fundador da Tesla e empresário que mais conseguiu bons resultados no espaço. Ele pretende operar voos comerciais para além da Terra. A Musk, somam-se Jeff Bezos, CEO da Amazon e fundador da Blue Origin, e Richard Branson, do grupo Virgin. 

Os executivos terão uma concorrência de peso na consolidação da exploração comercial do espaço. Dona de um poderoso programa espacial, a China afrouxou o monopólio estatal em lançamentos de foguetes e alimentou a formação de empresas nacionais - startups que têm recebido investimento pesado, em um mercado de bilhões de dólares que só estaria atrás dos EUA em orçamento. O país declarou intenção de enviar um veículo explorador a Marte a partir do ano que vem. 

Diversas nações, por mais que se mantenham ocupadas com outros projetos – as agências Espacial Europeia (AEE) e a Japonesa de Exploração Aeroespacial (AJEA), por exemplo, decidiram lançar uma missão a Mercúrio –, não escondem o desejo de chegar a Marte. Tanto que Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na Lua, capitaneou um movimento em busca de recursos para retornar até lá. 

— Isso é muito legal: um astronauta foi, sabe do potencial científico desse tipo de missão, sabe de todos os desafios que ela envolve, esteve na Casa Branca, viu que todo mundo só falava em Marte e mudou a história. Ele sabe que, antes de ir a Marte, a gente tem de fazer um trabalho de casa na Lua — comenta Michaelis. 

JIM CHRISTENSEN

JIM CHRISTENSEN

diretor-executivo da Fundação Buzz Aldrin Share Space

Queremos colocar pessoas em Marte. Mas há problemas significativos que precisamos resolver antes disso. Penso que o próximo o é voltarmos à Lua.

Jim Christensen, diretor-executivo da Fundação Buzz Aldrin Share Space, criada pelo astronauta norte-americano para também inspirar as novas gerações pela temática espacial, concorda:

— Queremos colocar pessoas em Marte. Mas há problemas significativos que precisamos resolver antes disso. Penso que o próximo o é voltarmos à Lua, termos uma estação espacial perto da Lua. Assim, aremos a ver pessoas pousando lá e retornando para essa estação. E acredito que veremos isso em breve. O vice-presidente dos EUA (Mike Pence) anunciou que faremos isso até 2024. Espero que sim! 

A Nasa foi além e, no início deste mês, dias depois do anúncio do retorno à Lua para daqui a apenas cinco anos, divulgou a intenção de pousar em Marte em 2033. 

Existe um grupo trabalhando com a Lua, outro, com Marte, e um terceiro, com asteroides. Ao que tudo indica, em 20 anos, estaremos explorando asteroides e trazendo para a Terra os minérios.

JEFFERSON MICHAELIS

diretor de Educação Espacial da Kennedy Space Center International Academy

Mas não é só de Lua e Marte se fala nas grandes agências espaciais. No futuro próximo, o que tem motivado a exploração espacial atualmente não é nem um planeta, nem um satélite. 

— Há os asteroides. Existe um grupo trabalhando com a Lua, outro, com Marte, e um terceiro, com asteroides. Por quê? Os asteroides, segundo cientistas, podem, primeiro, conter a chave da nossa criação, o porquê de existirmos, e conter minerais que hoje estamos gastando na Terra. Ao que tudo indica, em 20 anos, estaremos explorando asteroides e trazendo para a Terra os minérios, até mais ricos em ferro do que os que usamos hoje, estragando a Terra — projeta o diretor da International Space Academy. 

Para Michaelis, a exploração de asteroides e suas riquezas minerais ocorrerá inclusive antes da volta à Lua. Enquanto o homem estiver aprendendo a colonizar seu satélite natural, ou chegando ao Planeta Vermelho, serão trazidos à Terra recursos naturais dos asteroides - muito por conta dos investimentos da iniciativa privada, ele estima. 

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