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Ela lembrou que a sífilis é uma doença de notificação compulsória - qualquer caso deve ser obrigatoriamente notificado. O que tem se observado nos últimos cinco anos, segundo Adele, é um crescimento do número de casos dessas três notificações, inclusive da congênita.

Sintomas

De acordo com a especialista, a sífilis no adulto tem sinais específicos, mas também há um período de latência considerável. O quadro sintomático inicia com uma ferida que, nos homens, é bem aparente, não dói e pode desaparecer num período de sete a 10 dias. Nas mulheres, a ferida pode surgir na genitália interna e ar desapercebida.

– A manifestação, nesses casos, fica em latência e o quadro se torna de sífilis terciária. Quando há evolução de mais de 10 anos, a doença destrói tecidos como coração, cérebro e ossos – explicou.

Já na sífilis congênita, o período de evolução é bem mais curto. Durante a gestação, a doença pode causar aborto, malformações ósseas e manifestações na pele, além da morte do recém-nascido.

– Se a gestante é tratada adequadamente no primeiro e até no segundo trimestre, o bebê também é tratado, mesmo intra útero. É uma doença bacteriana que tem cura. A grande questão é a busca do diagnóstico e do tratamento – destacou Adele.

Epidemia de múltiplas causas

Para a diretora, a epidemia de sífilis no Brasil é decorrente de "múltiplas causas", como a queda no uso do preservativo - sobretudo entre pessoas de 20 a 24 anos, faixa etária onde comumente se registra maior atividade sexual e sem parceria fixa.

– Estamos recomendando o uso do preservativo masculino e feminino, em alguns estados, durante a gestação, não apenas por conta de infecções sexualmente transmissíveis, mas também para evitar o zika vírus. Recomendamos o uso não só para gestantes como para toda a população adulta.

Outra questão envolve o o à penicilina, principal medicamento utilizado no tratamento da sífilis. Os problemas, no Brasil, começaram no ano ado, com o desabastecimento de matéria-prima, mas o ministério garante que o estoque foi reposto por meio da importação da droga.

– Esta semana, fizemos um novo levantamento e todos os estados estão abastecidos até abril do ano que vem, com reserva – disse Adele.

A resistência de profissionais da enfermagem em aplicar a penicilina na atenção básica também pesa nos números da epidemia de sífilis no país - principalmente nos casos de sífilis em gestantes e, consequentemente, de sífilis congênita. Isso porque há um risco, ainda que pequeno, de choque anafilático no paciente.

– É preciso que todos se engajem no sentido de detectar um caso, principalmente na gravidez, e iniciar imediatamente o tratamento. Com uma única dose, conseguimos reduzir a taxa de transmissibilidade da mãe para o bebê em quase 90%.Não há porque temer aplicar a penicilina na gravidez. A alergia à penicilina é um episódio raro.

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