Também em entrevista ao Gaúcha Atualidade, Luciano Goldani, infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, reforçou que os estudos publicados até o momento apresentaram apenas indícios da eficácia da droga:
— Alguns estudos mostraram que as substâncias tiveram ação na replicação do vírus em laboratório. Mas são levantamentos muito pequenos, muito pobres e não foram tecnicamente bem feitos. Mas com isso, a cloroquina virou a droga milagrosa, que vai salvar as pessoas. Não é bem assim. Ela precisa ar pelo padrão ouro: com estudos randomizados em ambiente controlado para verificar a eficácia —defendeu.
Para Alessandro Conrado de Oliveira Silveira, farmacêutico, bioquímico e pós-doutor em Microbiologia, também deve-se ponderar as diferenças entre as populações pesquisadas. Isso quer dizer: avaliar até que ponto um bom resultado em outro país poderia, realmente, ser efetivo no Brasil.
— Uma coisa é pegar ensaio da China ou da Itália. Outra, é do Brasil. A população é diferente, o vírus pode ser diferente. São muitas variáveis envolvidas nesse processo. Mas duas coisas precisam ficar claras. A primeira é que cloroquina não é preventiva, ou seja, não é vacina. E a segunda é que o uso precisa ocorrer sob supervisão médica. Ninguém melhor que ele para avaliar se o paciente tem ou não necessidade de usar — diz.
De acordo com Silveira, as duas substâncias são muito semelhantes e têm recomendações de uso, principalmente, contra malária. No entanto, explica Silveira, como são potenciais imunomoduladoras, começaram a ser indicadas para doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide:
— Elas são muito parecidas de estrutura química e ação. A cloroquina é um pouco mais barata, e a hidroxicloroquina foi mudada em laboratório para diminuir sua toxicidade, o que torna seu uso clínico mais seguro.