— São obras necessárias, que vão proporcionar maior proteção à cidade e aos habitantes, mas que precisam respeitar o rito necessário e precisam ser muito bem feitas para que sejam de fato eficientes — ressalta o hidrólogo Fernando Fan, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Conforme a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedur), do governo do Estado, a área urbana de Eldorado do Sul está localizada em uma região extremamente plana, às margens do Rio Jacuí, com as altitudes em relação ao nível do mar variando entre cerca de 1,6 metro e 5,7 metros. Essas características tornam o município suscetível a enchentes.
Para reforçar a defesa da cidade contra as inundações, o novo sistema de proteção contra cheias deverá ter um dique de 8,6 quilômetros de extensão ao redor do município. Com investimento previsto de R$ 531 milhões, também está projetada a construção de estruturas como casas de bombas de drenagem, redes de macrodrenagem, canais de descarga e drenos coletores.
— As obras do dique terão um muro em uma parte e aterro em argila no restante, com altura variável de aproximadamente seis metros em determinados trechos ao longo da extensão de 8,6 quilômetros — explica Tassiele scon, diretora de planejamento urbano e metropolitano da Sedur.
Em Eldorado do Sul, a construção desse sistema de defesa contra enchentes é aguardada há muitos anos.
— Essa é uma demanda histórica de Eldorado do Sul. Com as atualizações do projeto, a obra está sendo preparada para ar grandes eventos de enchente, inclusive do tamanho como foi no ano ado, o que será fundamental para essa retomada da cidade — destaca a prefeita Juliana Carvalho.
Ainda segundo a prefeita, o projeto foi concebido para proteger principalmente as áreas mais suscetíveis a inundações em Eldorado do Sul. Em um segundo momento, outras regiões do município também poderão receber intervenções para reforçar a proteção.
— O projeto foi ajustado justamente para proteger todas as regiões que geralmente mais alagam, que é a região central, os bairros Cidade Verde, Chácara, entre outros. As outras regiões do município, principalmente do outro lado da BR-116, assim como possíveis áreas de expansão do município que eventualmente precisem ser protegidas, também já começaram a ser estudadas para receber obras de proteção no futuro — complementa Juliana Carvalho.
Outras grandes obras de defesa contra cheias também serão realizadas na Capital e nos municípios da Região Metropolitana com os recursos do fundo criado pelo governo federal e gerido em conjunto com o governo estadual. Após o sistema de proteção em Eldorado do Sul, o projeto mais adiantado é o da obra no Arroio Feijó, entre Porto Alegre e Alvorada.
Esta intervenção é considerada mais complexa e terá investimento de R$ 2,5 bilhões. Conforme o secretário Capeluppi, o edital para realização da obra deve ser lançado até o fim do primeiro semestre de 2025, mas ainda não há prazo para início dos trabalhos.
Os outros dois principais projetos que serão realizados com os recursos do fundo são intervenções para melhorias em canais e elevação de diques nas bacias do Rio dos Sinos, com investimento inicial previsto de R$ 1,9 bilhão, e do Rio Gravataí, com gastos estimados em R$ 450 milhões. Os dois estão em fase de análise do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (Rima), e ao longo deste ano deverão ser concluídos os termos de referência para contratação de projetos e obras, ainda sem prazo para o início da contratação das empresas.
— Vamos fazer muito esforço para lançar esses editais nesse ano ainda. Essa etapa de estudos é muito importante, deve ser feita com calma, mas nosso objetivo é conseguir lançar ainda antes do final de 2025 — aponta Capeluppi.
Quando essas quatro obras foram anunciadas, o prazo estimado pelo poder público para a conclusão de todas as intervenções era de cerca de cinco anos. Para Fernando Fan, pelo grau de complexidade das obras, mesmo que não ocorram sérias intercorrências, os trabalhos podem levar até 10 anos para que sejam concluídos.
— Me parece que esse é um prazo mais realista para o tamanho dos projetos. Além disso, é importante que as obras sejam feitas com um planejamento para que sejam mais resilientes a possíveis novos eventos extremos no meio desse caminho. É perfeitamente possível executar em partes, reforçada, mesmo que eventualmente não seja a maneira mais eficiente economicamente, mas em termos de segurança, para não perder tudo diante da ocorrência de um possível evento, é o mais seguro — complementa o hidrólogo.