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  • “Dona Patrícia”, citada pela recicladora, é Patrícia Parra Stein, 47 anos, moradora de Ipanema. Coordenadora da ONG Cozinheiros do Bem, afirma conhecer Melânia há mais de 30 anos.

    – Ela vinha a Ipanema na casa da minha vó, e sempre batia na porta para pedir um cafezinho, alguma comida. Se oferecia para limpar o pátio, a casa, ajudar em qualquer coisa que rendesse algum valor - relembra Patrícia.

    No dia em que ouviu de Melânia o desejo de comer a sopa tradicional no inverno gaúcho, Patrícia se compadeceu. Incluiu dezenas de pacotes da massa nas doações que já tinha por hábito distribuir, e realizou o singelo sonho.

    – Ela é uma pessoa muito humilde, e quando dou uma maior quantidade de algo, como roupa ou comida, ela sempre me fala que vai ajudar o pessoal da comunidade. Muitas vezes, tem o carrinho lotado e vai carregando até a Serraria. Se não estiver chovendo, ela vem, sempre, e sempre fica muito agradecida, e abençoa a gente pelas doações - complementa.

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    Com tanta comida entregue - mais de 40 embalagens de 500 gramas cada -, o carrinho de reciclagem ficou lotado. Ao chegar em casa com o rancho, não teve dúvida: distribuiu o capeletti para as filhas e a moradores do entorno.

    – Era muita comida - sorri Melânia, largamente.

    Lauro Alves / Agencia RBS
    Quintal de casa: comunidade em que vive Melânia tem o ao Guaíba na área chamada de monte da Ponta Grossa

    Na manhã desta quarta-feira (7), a reportagem de GZH visitou a casa - a Vila dos Sargentos fica no extremo do bairro Serraria. Alugado, o barraco custa R$ 100 por mês, valor que por vezes não é vencido em dia. A solidariedade do proprietário - um senhor que mora no mesmo beco - permite que ela jogue os aluguéis para a frente.

    Na dispensa de Melânia não havia mais nenhum pacote do capeletti.

    – Eu dei a massa para um monte de gente, porque sei que Deus me devolve mais. Aqui é muito bom, todo mundo se ajuda - afirma.

    O imóvel tem um tapume no lugar do portão. Na porta, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida foi pendurada, e uma série de pequenos enfeites coloridos trazem um ar de acolhimento ao lar.

    Boa parte da família nasceu, cresceu e ainda mora na Vila dos Sargentos. A mãe de Melânia sobrevive com um trabalho semelhante, do que foi colocado no lixo. A filha, Carla Pérez, 33 anos, fala com orgulho da luta:

    – Ela é muito guerreira. Trabalha desde os 9 anos de idade, anda toda a zona sul e está sempre ajudando os outros.

    O capeletti foi preparado com cebola, tomate e molho vermelho.

    – Comi dois pratos, estava muito bom. Vontade de comer mais - garante, de novo com um grande sorriso por trás da máscara.


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