Ao longo dos 138 anos, a Casa Augusto ou por saques na Segunda Guerra Mundial, quando os donos de traços alemães tinham de se esconder nos fundos. Assistiram à pequena igreja barroca vizinha, de Nossa Senhora do Rosário, ser demolida para dar lugar à atual, muito mais imponente, em 1956. Vivenciaram a decadência do Centro Histórico como bairro residencial, o que levou os Hecktheuer a trocar o andar de cima da loja por outra morada.
O destino da sala comercial, agora, é uma incógnita. O dos funcionários, nem tanto. O mais novo, Lucas Freitas, trabalha há três anos e se prepara para anexar ao currículo a recomendação de um estabelecimento centenário. Marlene de Oliveira, há 28 anos atrás do balcão, já está aposentada e pretende descansar – não sem antes oferecer uma pochete de couro a mais para cada cliente por R$ 5.
José da Rocha, braço direito de Augusto Eurico, é um caso especial. Aos 76 anos, trabalhava há 56 anos no primeiro e único emprego. Coleciona carteiras de trabalho e fichas de registro com um único empregador, só mudam as rugas nas fotos 3 por 4. Ele tem na ponta da língua a data de issão – 16 de novembro de 1963 – e a primeira providência após a aposentadoria real, já que na carteira de trabalho é aposentado desde 1994:
– Comprei uma bicicleta usada. Estou de mudança para Magistério e vou reaprender a pedalar.