A constatação do diretor é percebida pela dona de casa Carmem Santos, 60 anos, avó e bisavó de alunos do primeiro ano da escola. Moradora do Bairro Lami, a quase 20km da escola, Carmem optou por inscrever o neto Gustavo Loeblein e o bisneto Kayky da Luz, ambos de seis anos, na Escola Chapéu do Sol por ter turno integral. A decepção veio na primeira semana de ano letivo, quando os meninos foram dispensados num turno por falta de professor. Gustavo, que é autista, chora quando sabe que não terá aula.
– Sempre soube que o ensino municipal é de primeira linha, mas, infelizmente, não foi o que encontrei. Sou eu quem está ensinando em casa os meus netos a ler e a escrever. Estou pensando em trocá-los para uma escola estadual mais próxima da nossa casa – afirma Carmem, que ajuda a criar os meninos.
“Um absurdo”
Situação parecida ocorre com a dona de casa Tânia Machado, cujos netos Luan e Lucas, ambos de sete anos e estudantes do segundo ano, enfrentam pela primeira vez o problema. Todas as segundas-feiras, Luan não têm tido aulas, enquanto Lucas é dispensado às sextas-feiras. A avó garante que os netos reclamam quando não podem ir à escola.
– Eles são alunos dedicados e o meu medo é que isso prejudique o estudo deles. É um absurdo a prefeitura estar fazendo isso (não contratar novos professores) com as crianças que estão iniciando a vida escolar – reclama Tânia.
Sem previsão para resolver
A assessoria de imprensa da Smed afirma que não há previsão de suprir a falta de profissionais na escola e que, quando ocorrerem as nomeações, os nove profissionais deverão ser chamados ao mesmo tempo. Sobre a perda de mais de cem dias de aula, limitou-se a dizer que o ano precisará ser recuperado. Conforme a Secretaria, o déficit de professores nas 56 escolas municipais é de cerca de 240 profissionais, principalmente nos anos iniciais e de Português, Matemática e Educação Infantil. A rede conta com cerca de 4 mil professores.