Das seis equipes de estratégia de saúde da família, apenas três têm médicos - um em cada unidade. Em dezembro do ano ado e em março deste ano, o Diário Gaúcho publicou a situação das unidades.
Desde a inauguração das três, em 2010, elas foram coordenadas pela Associação Hospitalar Moinhos de Vento (AHMV). As três faziam parte do Projeto Social Restinga e Extremo Sul, criado pela AHMV e que também incluiu a construção e a istração do Hospital da Restinga.
Os prédios foram construídos pela istração municipal e receberam equipes contratadas pela AHMV. Porém, no final do ano ado, o Tribunal de Contas e o Ministério Público recomendaram a transferência dos prédios para o Imesf.
- Como o município tem um órgão próprio para gerir as unidades de saúde, não haveria necessidade de outra associação assumir este serviço. Seguimos a orientação, mas isso demanda tempo para a transferência completa - explica a coordenadora da Rede de Atenção Primária, Vânia Maria Frantz.
Justificativa
A distância do Centro de Porto Alegre e a violência têm sido as justificativas dadas à prefeitura pelos médicos concursados que se negam a atender nas três unidades de saúde assumidas pelo Imesf.
- Já chamamos mais de 20 médicos, nos últimos três meses. Dos três que estão atendendo, dois são do Programa Mais Médicos. Quem foi chamado alegou a distância ou temor pela insegurança em bairros como Restinga. Chamamos os últimos quatro profissionais, na segunda-feira ada, e estamos aguardando que pelo menos dois deles aceitem - ressalta a coordenadora da Rede de Atenção Primária, Vânia Maria Frantz.
Raio-X suspenso
Para piorar a situação dos pacientes, o serviço de radiografia odontológica, antes oferecido pelo Moinhos nas três unidades, está suspenso por tempo indeterminado. O líder comunitário do Chapéu do Sol, Carlos Silveira Vieira, 58 anos, precisava de atendimento para dois filhos e foi encaminhado para a UBS Santa Marta, no Centro.
- Consigo pagar o transporte para os meus filhos serem atendidos em outros lugares, mas o bairro é carente. Muitos não têm dinheiro e acabam desistindo de continuar o tratamento. Por cinco anos, tivemos um atendimento de primeiro mundo. Agora, nos tiraram sem perguntar - reclama Carlos.
Segundo Vânia, o serviço não existe em nenhum outro posto da cidade. Por isso, ele está em avaliação sobre a necessidade de continuar sendo oferecido na região.
- Sabemos que as comunidades são as mais distantes do Centro, mas não temos uma definição sobre o destino deste serviço. Por enquanto, os pacientes são encaminhados para a unidade central - diz Vânia.
Na unidade Paulo Viaro, a família da doméstica Jurema Gonçalves da Silva, 63 anos, espera há meses por um atendimento odontológico. A unidade está sem o especialista e a previsão, segundo a coordenadora da Rede, é de que a situação continue assim pelo menos nos próximos 40 dias, até a finalização dos trâmites de contratação do novo profissional.
- Cada unidade tinha duas equipes de saúde bucal (cada uma com um dentista, um auxiliar de saúde bucal e um técnico de saúde bucal) e duas equipes de estratégia de saúde da família (cada uma com um médico, um enfermeiro, dois técnicos de enfermagem e quatro agentes comunitários de saúde).
- As unidades ofereciam sutura de ferimentos e de radiografia odontológica.
- O atendimento odontológico era agendado e não levava mais do que uma semana para ocorrer.
- A autorização de receita médica era feita em dois dias.
Como ficou
- Faltam as duas equipes de saúde bucal na unidade Paulo Viaro e falta um médico em cada uma das unidades.
- As unidades não oferecem mais os serviços de sutura de ferimentos e de radiografia odontológica.
- O atendimento odontológico está levando mais de três meses para ocorrer na unidade Paulo Viaro.
- A autorização de receita médica leva mais de uma semana para ser concedida.