— Se estamos aqui é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos. Foi a democracia a grande vitoriosa, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu, as mais violentas ameaças à liberdade do voto.

Em grande parte, o discurso de Lula se sustentou em críticas veladas ao antecessor, Jair Bolsonaro, e aos métodos utilizados durante a campanha — que, conforme o novo presidente, teriam utilizado de forma irregular recursos públicos com fins eleitorais e divulgação de mentiras como estratégia. Negou desejo de "revanche", mas afirmou que eventuais crimes deverão ser punidos:

— O mandato que recebemos, frente a adversários inspirados no fascismo, será defendido com os poderes que a Constituição confere à democracia. Ao ódio, responderemos com amor. À mentira, com verdade. Ao terror e à violência, responderemos com a lei e suas mais duras consequências. Não carregamos nenhum ânimo de revanche contra os que tentaram subjugar a Nação a seus desígnios pessoais e ideológicos, mas vamos garantir o primado da lei. Quem errou responderá por seus erros, com direito amplo de defesa, dentro do devido processo legal.

Sobre as elevadas mortes na pandemia em território nacional, sustentou serem fruto de um "governo negacionista" e acrescentou:

— As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes. O que nos cabe, no momento, é prestar solidariedade aos familiares de quase 700 mil vítimas

Em relação a iniciativas do governo recém-iniciado, prometeu reconstituir a Lei de o à Informação, que garante o público a dados oficiais, elaborar um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) diante de um cenário de 14 mil obras paradas no país, revigorar programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida, proteger o ambiente e incluir "os trabalhadores e os mais pobres no orçamento". Se comprometeu ainda a revogar medidas aprovadas nos últimos anos que contrariariam interesses dos indígenas.

Também acenou às mulheres:

— É inissível que as mulheres recebam menos que os homens, realizando a mesma função. Que não sejam reconhecidas em um mundo político machista. Que sejam assediadas impunemente nas ruas e no trabalho. Que sejam vítimas da violência dentro e fora de casa.

Sobre o tema da responsabilidade fiscal, que gerou ruídos ao longo do processo de transição, confirmou que pretende acabar com o polêmico teto de gastos, que limita o desembolso de recursos públicos. Mas se comprometeu a manter um "realismo orçamentário" — segundo ele, já colocado em prática nas outras duas vezes em que tomou posse no mesmo Congresso Nacional em que discursou neste domingo.

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais

RBS BRAND STUDIO