As informações, segundo reportagem da revista Veja, estão no anexo 27 da delação, que já foi concluída e depende de homologação do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Corrêa afirma que, no segundo mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, o PC do B comandou a Diretoria de Produção Habitacional do Ministério das Cidades. O setor era chefiado por Daniel Nolasco, filiado à legenda e supostamente indicado por Aldo.

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Conforme a delação, Nolasco gerenciava verbas destinadas a empreiteiras de pequeno porte, que atuavam na construção de casas para a população carente em cidades com menos de 50 mil habitantes. Ao mesmo tempo, continua o ex-deputado, Nolasco cobraria propina das construtoras. A taxa praticada variaria de 10% a 30% do valor de cada casa construída.

Corrêa explica que o esquema envolveria uma empresa de Nolasco, a RCA Assessoria. Depois de o ministério fechar o convênio com a empreiteira e rear o dinheiro para a construção das casas, segundo a reportagem, os empresários corruptos pagariam a propina negociada com o PC do B por meio da RCA. A fraude teria ocorrido na construção de pelo menos 100 mil casas. "A propina arrecadada pela RCA era dividida entre o PT, que tinha a Secretaria Nacional de Habitação, pelo PC do B, que comandava a Diretoria de Produção Habitacional, e pelo PP, que tinha o ministro das Cidades", relata Corrêa na delação.

Sobre Aldo, o delator afirma que o comunista ficaria com um terço de toda a propina arrecadada para o PC do B. "Aldo Rebelo tinha pleno conhecimento de que as nomeações dos indicados pelos partidos da base aliada eram realizadas com o intuito de arrecadação de propina", diz Corrêa.

Segundo a revista, Aldo não atendeu às ligações para responder as acusações de Corrêa. A assessoria de imprensa do partido informou que, até as 17h, não havia tomado conhecimento do conteúdo da reportagem. O PT ainda não se manifestou sobre o tema.

Outros trechos citam Lula, Renan, Cunha e Aécio

No final de maio, outro trecho da delação de Corrêa veio à tona e jogou suspeitas sobre Lula, líderes do PMDB e o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Segundo o relato, no primeiro governo Lula, o PMDB ou a pleitear parte da propina gerada na Diretoria de Abastecimento da Petrobras, comandada por Paulo Roberto Costa, um indicado do PP. Corrêa afirma que os senadores Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR) e os deputados Aníbal Gomes (CE), Eduardo Cunha (RJ), Henrique Alves (RN) e Jader Barbalho (PA), todos do PMDB, teriam pedido US$ 18 milhões para apoiar a manutenção de Costa e Nestor Cerveró nas diretorias da estatal e teriam recebido US$ 6 milhões.

Lula teria conhecimento de todo o esquema e das negociações, disse Corrêa. Sobre Aécio, o delator afirmou que o tucano seria destinatário de propina em obra da estatal de energia Furnas. Todos os citados negaram envolvimento em qualquer irregularidade.

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