
Mais de mil pessoas foram atropeladas nas ruas de Caxias do Sul nos últimos cinco anos. O número assusta, mas não surpreende: a maioria dos casos se concentra nas áreas de maior fluxo de veículos e pedestres, como o Centro. Os dados, divulgados nesta semana pela Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM), acendem o alerta sobre a segurança viária e servem de justificativa para as ações do Maio Amarelo, movimento mundial de conscientização no trânsito.
A Organização das Nações Unidas (UNU) decretou, em 11 de maio de 2011, a primeira Década de Ação para Segurança no Trânsito — atualmente, estamos na segunda (2021 a 2030) — e, com isso, o mês de maio se tornou referência mundial para balanço das ações que o mundo inteiro realiza, conhecido como Maio Amarelo — cor que simboliza atenção e a sinalização e advertência no trânsito.
Nesta semana, a SMTTM, apresentou um relatório com dados dos últimos anos da cidade. Conforme dados do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), e compilados pela secretaria, de 2020 a 2024, 1.116 pessoas foram atropeladas no município.
Somente no ano ado, foram 260 registros de atropelamentos — 15 com mortes —, sendo 154 homens e 102 mulheres, além de quatro não identificados. De 2007 a 2024, 244 pessoas perderam a vida em virtude deste tipo de acidente de trânsito em Caxias do Sul.
Segundo os dados, os bairros mais perigosos são o Centro, com 33 casos, seguido de Nossa Senhora de Lourdes (16), São Pelegrino (15), Kayser (12) e Cruzeiro e Pio X, ambos com 10. O horário mais violento é o das 17h às 18h59min, com 76 atropelamentos, ou seja, 29,2% dos casos registrados.
— A área central da cidade é onde temos a maior quantidade de veículos e a maior quantidade de pedestres. Temos a Escola Pública de Trânsito atuando todos os dias em CFCs (centros de formações de condutores), empresas, escolas, falando da importância do primeiro participe do sistema de trânsito, que é o pedestre, antes de qualquer outra coisa, todos nós somos pedestres — explica Alfonso Willenbring Júnior, secretário adjunto de Trânsito, Transportes e Mobilidade.
Outro dado que chama atenção são os acidentes com danos materiais atendidos pela Fiscalização de Trânsito. Foram 85.697 de 2008 a março de 2025. Também por isso, a prefeitura lançou uma campanha de conscientização. Com o tema Mobilidade humana, responsabilidade humana, a ação busca por ações tangíveis que reduzam os índices de sinistros e de mortalidade no trânsito.
Para marcar o mês, prédios e monumentos públicos terão iluminação na cor amarela alusiva à campanha, como a própria sede da SMTTM e o Monumento Jesus Terceiro Milênio. Além disso, servidores da Escola Pública de Trânsito (EPT) e da Fiscalização de Trânsito promovem ações para a comunidade, orientando condutores e cidadãos sobre os perigos do uso do celular e da alcoolemia enquanto se está ao volante.
— Temos que focar na educação do pedestre, com relação a sua própria segurança, (porque) o fato de estar na faixa de segurança não significa que não precisa ter atenção com os veículos que estão transitando. Isso é cultural, infelizmente. E eu parto para a questão do motorista. O pedestre, por ser a parte mais frágil, tem a preferência. A partir do momento que ele iniciou a travessia, mesmo que o sinal mude de cor, se ele não concluiu a travessia, a preferência continua sendo dele, e isso nós temos que aplicar ao motorista através da fiscalização — afirma Willinbring, sobre as ações.
No aguardo dos radares
O excesso de velocidade é apontado por Alfonso Willenbring Junior, secretário adjunto de Trânsito, como um dos principais fatores de risco para acidentes entre veículos e atropelamentos. Até por isso, desde 2023, a SMTTM tem instalado controladores de velocidade pela cidade. Eles estão interligados ao Centro Integrado de Operações (CIOp) e ao sistema do cercamento eletrônico.
Em março, um estudo flagrou 4.957.396 veículos que trafegaram em vias fiscalizadas por controladores. Somente 81.145 estavam acima da velocidade permitida. Destes, 462 estavam acima dos 90 km/h, com uma ocorrência chegando aos 162 km/h na Avenida Ruben Bento Alves, cuja velocidade máxima permitida é de 60 km/h.

Conforme Willinbring, os radares ainda precisam ser homologados pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para que possam começar a multar. Além disso, o secretário adjunto afirma que serão instaladas sinalizações para alertar os condutores.
— Em respeito a toda essa imensa maioria das pessoas que está dirigindo com atenção, de maneira correta, e respeitando os limites de velocidade, eu acho que sim, essas outras pessoas que não fazem são muito poucas, e elas devem ser fiscalizadas.