
A prefeitura irá contratar um censo para contabilizar a população que vive em situação de rua em Caxias do Sul. O objetivo é qualificar a entrega de políticas públicas a partir do levantamento de dados precisos referentes ao número de pessoas nesse cenário, as principais demandas e onde é necessário o município avançar para superar a vulnerabilidade social.
Atualmente, as informações que a istração possui sobre moradores de rua são baseadas em atendimentos do Cadastro Único (CadÚnico) e do Centro Pop Rua, o serviço especializado da Fundação da Assistência Social (FAS).
Em março — mês com números mais atualizados, fornecidos pela FAS — há o registro de 990 pessoas em situação de rua no CadÚnico. Enquanto isso, nos primeiros três meses de 2025, o Centro Pop Rua foi ado por, em média, 536 pessoas.
Ou seja, o número de moradores de Caxias sob essa condição de vulnerabilidade está entre 536 e 990, aponta a diretora de Proteção Social Especial de Média Complexidade da FAS, Cristiane Oliboni:
— Como tem pessoas que migram muito de uma cidade para outra é difícil ter precisão. Tem muitas pessoas que chegam para algum emprego, para colheita e ficam por aqui, por um período, e vão embora. Então contabilizamos pelos atendimentos, mas isso não quer dizer que elas permaneçam em nosso município.
Antes da contratação do censo, está em andamento a elaboração de um estudo técnico, conforme Cristiane. Na sequência, será aberta uma licitação para que entidades interessadas em realizar o levantamento de dados se candidatem.
A ideia, segundo a diretora da FAS, é que o mapeamento esteja à disposição do município ainda neste ano.
Abordagens noturnas restritas
Uma das frentes de trabalho da FAS é o Serviço Especializado de Abordagem Social (Seas), conduzido pelo Centro Pop Rua, que busca inserir nas atividades socioassistenciais e políticas públicas a população de rua.
A diretora de Proteção Social Especial de Média Complexidade da FAS assinala uma média de 160 abordagens sociais mensais neste ano. O trabalho contempla o monitoramento de 70 pontos estratégicos.
— A abordagem social trabalha a pessoa no seu território, no convencimento para que ela e o serviço especializado. Das ruas, fazemos encaminhamento para o Cadastro Único (CadÚnico), para documentação. Porém, no Centro Pop Rua conseguimos ofertar um atendimento mais qualificado com oficinas de convivência, higiene pessoal e alimentação — detalha Cristiane.
O Seas é executado de segunda a sexta-feira, em dois turnos: das 8h às 12h e das 13h às 17h. Desde 14 de abril, as abordagens noturnas, entre 18h e 22h, foram descontinuadas. De acordo com a FAS, essa alteração ocorreu para "reforçar o investimento em ações preventivas por meio dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras)".
O terceiro horário ou a ser incluído ao plantão social, que atua das 19h às 7h do dia seguinte — e em modelo de 24 horas nos finais de semana e feriados. Ou seja, com intervenção somente a partir do acionamento específico e não mais por iniciativa própria, em regime de sobreaviso.
— Tendo em vista que temos uma demanda crescente nos Cras e há uma questão de prevenção às vulnerabilidades sociais, pensamos em ampliar os atendimentos na prevenção, sem deixar desamparada ou desassistida a abordagem social. Na prática, esse trabalho não deixou de ser executado, porque dispomos de uma equipe para atendimento nesses horários. O que muda é a disposição do serviço, mas a prestação continua a mesma — garante Cristiane.
O plantão atendeu a mais de 250 demandas neste ano, indica a FAS.
e da Guarda Municipal
A equipe do Centro Pop Rua é composta por um gerente, um agente istrativo, sete educadores sociais, quatro assistentes sociais, um psicólogo, um técnico operacional, um estagiário, três responsáveis por serviços gerais e cozinha, dois vigilantes e um motorista. Uma atividade de abordagem social nas ruas é integrada por um técnico operacional e dois educadores sociais.
Há outra modalidade do serviço que é realizada em conjunto com a zeladoria pública e a Guarda Municipal (GM), complementa Cristiane:
— É a abordagem que trabalhamos na conscientização dos espaços que não pode ter nada fixo. Eu não posso ter um sofá em cima de uma calçada porque isso vai atrapalhar a via pública. Trabalhamos em conjunto para conversar e explicar que ali não é um local seguro, onde ele possa permanecer, e ofertamos nossos serviços.
Nesse formato, desde setembro do ano ado, foram 1.076 abordagens, com 163 encaminhamentos para acolhimento institucional, como casas de agem, e 26 para retorno a cidade de origem.