
A biblioteca, o auditório e um laboratório que vinha sendo utilizado como depósito estão sendo provisoriamente ocupados como sala de aula por sete turmas da Escola Estadual Técnica de Caxias do Sul (EETCS). Os cerca de 400 estudantes dos três turnos do Ensino Médio e Técnico foram realocados há dois meses, quando o bloco que abrange as quatro salas que ocupavam foi interditado. O deslocamento identificado em uma das vigas também resultou na interdição de uma arela coberta, utilizada pelos 1,2 mil alunos da escola para o aos blocos e também ao refeitório.
O laudo de interdição foi emitido após vistoria feita por equipes da 4ª Coordenadoria Regional de Obras Públicas (Crop), que não informa previsão para início ou conclusão das obras de recuperação estrutural. A situação motivou a comunidade escolar a buscar alternativas que garantam a retomada do uso do prédio, com recursos próprios, movimento que também depende de autorização do Estado.
— Não temos nenhuma solução. Solicitamos um engenheiro particular para que fizesse um laudo, indicando quais medidas poderíamos tomar. Dependendo do valor, podemos arcar com recursos próprios, nem que seja para uma ação emergencial, que liberasse a interdição. Mas, para isso, também precisamos de autorização. A única informação que temos até o momento é que precisam elaborar o projeto, ar por licitação, para depois dar início. Somos parceiros nisso, queremos ajudar a dar agilidade para liberar o bloco — afirmou o presidente do Conselho de Pais e Mestres (M) da EETCS, Cesar Zilio, que procurou novamente a 4ª Crop na manhã desta terça-feira (5) em busca de alternativas, mas ainda sem confirmação de que andamento poderá ser dado.
— Ainda não sabemos se será necessária uma manutenção geral ou localizada, mas temos certeza que a comunidade tem interesse em dar todo o apoio necessário para que o uso do bloco seja restabelecido, com segurança — afirmou a vice-diretora legal da EETCS, Eliane Cardoso.

Segundo a equipe diretiva, o prédio data da inauguração da escola, que ocorreu há mais de 50 anos. A arela, que também teve o uso comprometido por conta da interdição, foi instalada mais recentemente, como forma de garantir que os frequentadores da escola pudessem circular protegidos da chuva e da umidade.
— Como aluna fico bem preocupada com a situação. É uma escola que está há cinco décadas priorizando nosso aprendizado, os princípios da nossa vida. Acho importante dar uma atenção a isso, porque é uma escola que tem capacidade de dar um futuro para os alunos — afirmou Manuella Reinheimer Vidor, 15 anos, do 1º ano do Ensino Médio.
Ela lidera uma das turmas que não precisaram ser realocadas, mas, mesmo assim, sente-se impactada pela situação, tanto pelos colegas de escola, quanto pelos reflexos que isso tem gerado na rotina de todos os estudantes, uma vez que os espaços que hoje funcionam como sala de aula improvisada deixam de servir às funções para as quais são destinados.
Na biblioteca, as prateleiras de livros foram reposicionadas para garantir espaço a uma turma de aproximadamente 40 estudantes, restando cerca de 25% da sala para a atividade original da sala. Uma turma menor, de 25 alunos, ocupa a sala destinada ao Laboratório de Segurança no Trabalho, ambiente que virou depósito durante a pandemia, mas que, segundo a escola, poderia estar sendo utilizado por estudantes do curso técnico nas aulas práticas de primeiros socorros e uso de extintores, por exemplo.

Em caso de eventos, o auditório, que comporta um público de 40 pessoas, também está com uso suspenso enquanto funciona como sala de aula provisória.
— É difícil para eles fazer prova e mesmo para escrever nos cadernos, por conta da classe, que não é adaptada. Na biblioteca temos dificuldade de ventilação também, não há condições, porque é adaptado. É complicado — observa o professor de Língua Inglesa, Leandro Fanchin.
Obra sem previsão
À reportagem, o titular da coordenadoria regional, Joel Vargas da Silva, afirmou que, após vistoria técnica, foi solicitada uma sondagem do solo para a elaboração do projeto de recuperação estrutural. O representante não informou previsão de datas para a realização de nenhuma das etapas.
— Estamos dando prioridade, mas não posso dar prazo, pois tem procedimentos que não dependem de nós — afirmou o titular da Crop.
Segundo ele, a realização do projeto por parte da escola demanda um trâmite de análise pela Secretaria Estadual de Educação, que é a proprietária do imóvel. Neste caso, ainda conforme o titular, o atendimento não seria realizado pela Crop, mas, sim, pela 4ª Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE), que encaminha a solicitação ao Departamento de Obras Escolares da Secretaria Estadual de Educação.
Contrapontos
A titular da 4ª CRE, Viviane Devalle, afirmou, inicialmente, que não pode autorizar o M uma vez que a execução de obras é uma atribuição da Crop. Questionada sobre a orientação da Crop, a titular disse que verificaria a situação novamente e, até o fechamento desta matéria, não deu mais retorno.
Em nota, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) informou que três salas de aula foram interditadas pela 4ª Crop para a reforma da cobertura. Conforme a pasta, "o processo encontra-se em fase de elaboração de projeto para posterior orçamentação e licitação por meio da Secretaria de Obras e Habitação (SOP)". Ainda conforma a Seduc, "toda e qualquer obra realizada em prédios públicos é de responsabilidade do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Obras, e deve ser devidamente encaminhada por um engenheiro técnico responsável que garantirá a segurança da obra e do uso futuro pela comunidade escolar".