
Um imóvel que começou a ser construído nos últimos meses e estava em fase de acabamento precisou ser demolido para reparos de uma galeria de água da chuva em Caxias do Sul. A sala ficava na Avenida São Leopoldo, próximo ao cruzamento com a Rua Sarmento Leite, no bairro São Leopoldo, e abrigaria a Pipa Sorveteria, que nem chegou a ser inaugurada. O empreendimento foi erguido em cima do ponto onde a a tubulação, que segue em direção à zona sul da cidade por baixo de outros prédios.
O trabalho de conserto teve início no dia 1º de abril, após técnicos da Secretaria de Obras constatarem que a galeria estava parcialmente obstruída e poderia causar problemas no escoamento em trechos anteriores, em direção ao centro. A identificação do dano ocorreu em uma inspeção realizada devido à chuva intensa da madrugada do dia 24 de março.
— Foi preciso retirar o que estava por cima, porque não tinha como fazer o conserto por baixo. Ali tinha 13 metros de aterro em cima da galeria — explica o secretário de Obras, Norberto Soletti.
De acordo com o secretário, a partir da constatação da necessidade de remover as construções, os proprietários da sorveteria foram comunicados pelo município. Em um primeiro momento, conforme Soletti, eles demonstraram contrariedade, mas acabaram desocupando a construção após o município entrar com uma ação na Justiça. Além da sorveteria, um anexo do posto de gasolina, que fica ao lado, também precisou ser derrubado. Uma outra sorveteria, que funciona em um contêiner, pôde ser mantida no local.
No fim da semana ada, os funcionários da secretaria já haviam conseguido desobstruir a galeria, mas ainda não há data para conclusão da obra. Segundo Soletti, um processo foi aberto na Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU) para revisar a documentação da construção da sorveteria, mas somente após avaliação técnica será possível concluir se o terreno poderá abrigar uma nova construção. Também não há definição se o município irá reembolsar os investidores da sorveteria.
GZH tentou contato com a proprietária da Pipa Sorveteria, mas foi informada de que ela não poderia conversar com a reportagem, que apurou que ao menos parte das licenças de funcionamento já haviam sido encaminhadas. No Instagram, o perfil da sorveteria informa que, além de sorvete, o estabelecimento ofereceria sobremesa e comida de boteco.
Galeria já apresentou problemas
Não é a primeira vez que o conserto da galeria na Avenida São Leopoldo demanda demolição de construções. A tubulação é antiga e construída em pedra, uma técnica já abandonada e com durabilidade menor. Em fevereiro de 2018, o posto de combustíveis que fica no ponto precisou ser completamente derrubado após o piso ceder. Como ele aria por reformas, o proprietário concordou com a intervenção e reconstruiu o empreendimento após a obra ser finalizada.
O ideal é que galerias de drenagem sigam o leito das ruas, de forma a facilitar o o quando precisam de manutenção. A prefeitura tem um projeto de desviar a galeria da Avenida São Leopoldo do traçado atual e seguir o trajeto da via, mas o custo era estimado em R$ 8 milhões em 2018. Além disso, o plano é realizar a intervenção quando o município executar o projeto do binário da São Leopoldo, que vai transformar a avenida em mão única, o que não tem prazo para ocorrer.
— Nesse momento não tem como desviar, mas todo o projeto do binário prevê a drenagem também — explica Soletti.

Material depositado no Panazzolo
Outra questão relacionada à obra que gerou questionamento é o local escolhido pela prefeitura para o depósito da terra escavada na Avenida São Leopoldo. A área fica na Rua Pedro Pezzi, no bairro Panazzolo, e tem gerado descontentamento de moradores por ficar próximo a um córrego.
De acordo com o secretário Norberto Soletti, a área escolhida é pública e o material está sendo depositado a cerca de 20 metros do curso d'água, sem perigo de obstrução. Ele afirma ainda que a maior parte do material será utilizado para fechar o ponto escavado na São Leopoldo quando as obras terminarem.
— Eu seria muito incoerente se eu for lá tapar um valo que vai criar problema para a cidade e consequentemente para a secretaria — argumenta Soletti.