
A tragédia ambiental de maio causou estragos tão grandes que, ados quatro meses, a recuperação parece, infelizmente, estar apenas começando. Ainda há pessoas morando em abrigos e as primeiras casas temporárias para vítimas da enchente só foram entregues há pouco mais de uma semana.
Convidado para falar sobre a reconstrução do Estado na reunião-almoço da CIC Caxias nesta segunda-feira (26), André Gerdau Johannpeter, vice-presidente do Conselho de istração da Gerdau, usou o exemplo das Olimpíadas para expressar a preocupação com a velocidade: como recuperar e reconstruir o Estado o mais rápido possível e de forma sustentável.
— Onde vamos estar daqui quatro anos? — perguntou à plateia, lembrando que os atletas já estão em preparação para os próximos Jogos Olímpicos. André foi atleta e conquistou medalha de bronze no hipismo em 1996 e 2000.
Obviamente, queremos que o Rio Grande do Sul esteja recuperado dentro de quatro anos. Para isso, é preciso não apenas agir na reconstrução, mas em medidas de proteção para evitar novas tragédias. Não é possível construir moradias em áreas onde está comprovado o risco de novas enchentes.
É preciso também um melhor planejamento do Estado. Não é possível, por exemplo, depender de apenas um aeroporto internacional e correr o risco de ficar praticamente ilhado mais uma vez, com uma malha aérea restrita. Os aeroportos regionais cumpriram e cumprem suas funções, mas não conseguem suprir a demanda.
O episódio de maio deixou muitas lições. Que elas sejam aprendidas.
Sem previsão de impacto na Gerdau
Após a palestra, André conversou com a imprensa e falou sobre os resultados da Gerdau, que não devem ser impactados pela enchente. Segundo ele, o peso do Rio Grande do Sul não é tão grande no balanço da empresa. O resultado hoje vem muito dos Estados Unidos. Eventuais perdas serão recuperadas ao longo do segundo semestre.
André também citou investimentos que irão beneficiar a Serra:
— Temos um investimento muito grande em Minas Gerais, em mineração, praticamente 600 milhões de dólares. Estamos terminando uma ampliação do laminador de bobina quente que vai agregar mais volume e uma das regiões que vamos atender é a Serra.
Momento difícil para o setor do aço
Além da reconstrução do Estado, a importação de aço da China e a reforma tributária preocupam André. De acordo com o executivo, este é um momento difícil para o setor. No caso da reforma, citou o frete como um dos pontos que devem sofrer alteração.
— Como as grandes usinas produtoras nasceram no centro do país, elas fornecem para o Rio Grande Sul, onde o frete é maior. Existe uma equalização de frete com outras regiões. Com a reforma, isso vai sair e esse é um ponto que afeta 7% a 8% do preço. Pode ser uma ameaça porque ou vai se transferir processamento para outras regiões, porque não vai ser mais competitivo, ou nós temos que achar uma solução.
A RA CIC com Gerdau Johannpeter foi alusiva aos 50 anos do Sinduscon Caxias.