
O melhor hoje e sempre!
A médica Giorgia Corsetti Torresini, filha de João Alberto Torresini e Magda Corsetti Torresini, confirma nessa entrevista sua personalidade luminosa, otimista e agregadora. Aquariana do dia 6 de fevereiro, formou-se pela Universidade de Caxias do Sul com residência médica em Infectologia pelo Grupo Hospitalar Conceição, de Porto Alegre. A mãe de Enrico Torresini Ribeiro e Marco Torresini Ribeiro revela nas entrelinhas desta conversa a importância da pulsação da vida no hoje, no agora. Ao lado do companheiro, o também médico Fábio Allgayer, Giorgia é dona de uma força transformadora e natural.
O que é o bom da vida? É saber que a cada amanhecer, junto com o sol, nascem novas oportunidades para enfrentar desafios, acertar, sonhar e ser feliz.
Que conexão lúdica faz com a sua infância? A cidade de Torres acalma meu coração. Nasci lá, prematuramente, nas férias de verão. Até hoje, subir os morros da Guarita, ver o mar e suas belezas me recarregam na fé e me trazem a liberdade da alma de maneira leve e lúdica. Esse hábito a de geração a geração em nossa família.
Qual a agem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse uma obra? Sem dúvida, os primeiros os dos meus filhos Enrico e Marco, e o aprender a caminhar sozinhos marcaram minha trajetória de mãe. Nome da obra? Os os de uma linda jornada que é a vida!
Ao lado de quem gostaria de ter sentado na época da escola? Já sentei ao lado da minha amiga querida Fabrícia Fedrizzi Bazei. De lá, iniciou uma amizade verdadeira, fundamentada em respeito e liberdade. E por meio dela quero homenagear todas minhas amigas que, ao longo da vida, conquistei e são importantes para mim.
Se tivesse vindo ao mundo com uma legenda ou bula, o que conteria nela? Energia pura: cuidado contagiante!
O que te inspira? Acreditar que não existam pessoas ruins e, se isso não for possível, espero que um dia elas melhorem. As pessoas que estão ando por momentos difíceis, se tiverem humildade e otimismo enxergarão os sinais que a vida tenta mostrar, podendo ficar reconstruídas e mais fortes.
O que fazer para manter o equilíbrio em tempo de isolamento social? Tento ser criativa dentro das limitações impostas nessa fase de pandemia. Penso em alternativas seguras e saudáveis para buscar satisfação ao lado da minha família. Procuro extrair momentos prazerosos na simplicidade como caminhar em meio a natureza, assistir a filmes e explorar nossas colônias.

Quando decidiu seguir o caminho de infectologia? A especialidade de infectologia ficou mais evidente na pandemia do HIV/Aids. Fiquei encantada com a possibilidade da recuperação imunológica e restauração da vida de pacientes com os tratamentos antirretrovirais. Após o interesse inicial, descobri na infectologia as inúmeras áreas de atuação e sua importância nas ações epidêmico-social, pois a desigualdade social é a raiz de muitos problemas que envolvem as doenças infecciosas. Sou apaixonada pelo que faço.
Quais as principais queixas que tem observado no consultório desde o início da pandemia? Podemos dividir em queixas físicas e emocionais. Nas físicas, sem dúvida, a fadiga, a dor de cabeça e a demora no retorno do paladar e olfato são as mais frequentes. No âmbito emocional, vejo exacerbar as neuroses adormecidas, como depressão, ansiedade e fobias.
Acredita que uma boa alimentação pode influenciar na melhora da imunidade e qualidade de vida? Uma alimentação equilibrada associada a hábitos saudáveis como a prática rotineira de exercícios, sono tranquilo e alma serena ajudam a manter o sistema imunológico em dia. Qualidade de vida para mim é harmonizar com bom senso o físico e a mente.
A pandemia do novo coronavírus trouxe diversas mudanças para o cenário político e científico. Como diferenciar o que é ciência e o que é achismo? A ciência é a forma de adquirir conhecimento baseado no método científico e, por meio dela, conseguimos evoluir em vários campos da humanidade. É pela ciência que chegaremos no tratamento eficaz contra o coronavírus. Infelizmente, nessa pandemia, a argumentação baseada em opiniões ou em pontos de vista variados foi a alternativa encontrada para muitas pessoas lidarem com seus medos e inseguranças. Vejo essa dicotomia de ideias atrasar o término da pandemia e acarretar ainda mais prejuízos de saúde, emocionais e econômicos.
Além do COVID-19,qual outra pandemia silenciosa exige cuidados contínuos de saúde? A pandemia do HIV/Aids - iniciada em meados dos anos 1970 no mundo, e no Brasil nos anos 1980 - nos trouxe vários ensinamentos. Inicialmente, era uma doença carregada de preconceitos e com uma perspectiva de vida curta pela ausência de tratamentos eficazes. Hoje, é uma doença de caráter crônico que apresenta um arsenal terapêutico amplo, tornando a vida dos pacientes digna, graças a ciência. O uso regular e diário dos antirretrovirais é essencial para o sucesso terapêutico. Acredito que as pandemias nos trazem hábitos novos que absorvemos no dia a dia em prol da prevenção. A pandemia do HIV/Aids nos ensinou como é importante o uso do preservativo nas relações sexuais. E a pandemia do coronavírus nos mostrou como o uso da máscara pode nos proteger.
Que medidas poderiam ter sido tomadas para a realização de uma campanha efetiva de imunização em massa? A agilidade na negociação da compra, na escolha das vacinas e no número estimado de doses necessárias para a população, ajudaria na logística da vacinação. Há cerca de um ano, na China, foi identificado o sequenciamento viral e, a partir daí, as vacinas começaram a ser elaboradas. Houve demora na decisão de vacinar em massa. Infelizmente, estamos com números de doses limitadas impactando na resolução da pandemia.
Quais seus projetos para o futuro? Está trabalhando em algo novo? O futuro é feito de hojes. Hoje estou plena. Estou realizada profissionalmente e feliz com minhas conquistas pessoais. O estudo é uma constante na vida do médico, e existem inúmeras oportunidades virtuais para estar atualizado.
Gostaria de ter sabido antes... que não existem datas especiais para colocar aquela roupa nova ou tomar aquele vinho tão esperado. Todos os dias são especiais, pois merecemos o melhor hoje e sempre. A vida pode ser fugaz e, esperar o momento certo para festejar, às vezes, pode ser tarde demais. Viva la Vida!
Um hábito que não abre mão? De fazer exercícios. Sou uma personal trainer amadora. Jogo tênis, corro, caminho, faço trilhas, musculação, danço, esquio. Exercício é energia em movimento.
Um talento que ninguém conhece: sou uma boa ouvinte.
A melhor invenção da humanidade? A vacinação. Já erradicou várias doenças infecciosas e estendeu a esperança média de vida da população.
Traço marcante da sua personalidade? Praticidade e objetividade.
Você tem fome de quê? Tenho fome de gente boa. Adoro conhecer pessoas novas e, com elas, suas histórias, diferentes culturas e muito aprendizado. A convivência com o ser humano é a melhor faculdade da vida.
O que tem feito para impactar o mundo e as pessoas de maneira positiva? Acredito na corrente do bem. Ajudo quem está próximo de mim, entendendo que irá chegar em quem mais precisa. Isso se exemplifica desde um bom dia com cordialidade ao porteiro a ações beneficentes locais.
Reflexão de cabeceira: “Só o riso, o amor e o prazer merecem revanche. O resto é mais que perda de tempo, é perda de vida.” Chico Xavier.
Um forte desejo: a curto prazo: o término da pandemia. A longo prazo: ter orgulho do Brasil quando colocar como prioridade uma educação digna ao povo.
O que mais respeita no ser humano? As suas decisões. Só ele sabe suas reais necessidades. Quem somos nós para questioná-lo ou sugestioná-lo. Cabe a nós respeitar.