Há estilos e entendimentos sobre fazer política. Política é a habilidade de construir pontes, isto é, canais de conversação – logicamente que com os diferentes, porque, com os mais próximos, esses caminhos já são pavimentados – visando fazer avançar e concretizar demandas da população. O deputado federal Mauricio Marcon (Podemos) tem entendimento diverso. Ele prometeu em rede social na segunda-feira (11/3) que, no Tendel, podcast de representantes de partidos de direita configurados na frente política em torno do nome de Maurício Scalco (PL) para a prefeitura, divulgaria os nomes dos vereadores que não am pedido de I sobre os serviços funerários em Caxias do Sul, que está sendo chamada de I do Monopólio.
Marcon prometeu e fez, mas fez mais. Disse que vai mais longe:
– Essa cobrança que eu estou fazendo aqui vai aumentar muito na minha rede social. Estão devendo vela pra qual santo? Daqui dois dias, quem não (o pedido de I) vou fazer outro vídeo, colocando o rostinho nas minhas redes e nos meus grupos de WhatsApp. São 15 mil pessoas que eu tenho. Então, se vocês pretendem (vereadores) ir à reeleição e ter uma explicação à comunidade caxiense, vocês assinem. Porque senão o nome de vocês, vai ser muito difícil, porque não querem investigar uma empresa que tem o monopólio em Caxias do Sul.
Marcon implode pontes e cria uma má vontade que se estende à frente de direita. Seu depoimento no podcast foi severamente torpedeado na sessão desta terça-feira da Câmara (leia abaixo). Vale lembrar que, em geral, salvo desempenhos eleitorais em geral personalistas, ninguém se elege sozinho e precisa de outras forças políticas.
No Tendel (foto acima), Marcon justificou por que decidiu divulgar o nome dos vereadores contrários à I e a estratégia da exposição de seus nomes e rostos:
– Eu não tenho rabo preso. Não tenho medo de me virarem a cara. Antes de fazer amizade na Câmara, tem de defender os interesses do povo.
No Tendel
O que disse Mauricio Marcon (Podemos) ao citar nomes de vereadores que não am pedido da I do Monopólio
* Sobre Olmir Cadore (PSDB): “Ele errou muito durante o mandato. Cadore, que se coloca como direita, tem que .”
* Sobre Felipe Gremelmaier (MDB): “Pré-candidato a prefeito. Será interessante perguntar num debate por que não teve interesse (em ).”
* Sobre Elisandro Fiuza (Republicanos): “Bom, do Republicanos a gente não espera nada mesmo.”
Os "interesses do povo"
Do alto de seus 140 mil votos que o elegeram para a Câmara dos Deputados em 2022, 52 mil deles só em Caxias, Marcon não tem medo de dizer o que pensa, isso é inegável. Mesmo que a consequência sejam “caras viradas”, como ele falou. Deixou claro que prefere pautar-se, antes, pela “defesa dos interesses do povo”.
Ocorre que talvez seja mais produtivo para a “defesa dos interesses do povo” construir pontes com habilidade, valorizando a convergência possível. Não raro, ou quase sempre, é preciso unir forças para conquistar demandas. E olha que, com unidade, já é difícil.
Diel mostra o "melhor ângulo"
Diversos vereadores deixaram claro que não se pautam pelo que consideram “ameaça” de exposição em rede social. Entre eles, o vereador Lucas Diel (PDT):
– Ninguém pede ajuda ameaçando os outros. Começar pedindo tentando intimidar os vereadores: “Ou tu assina ou vou te expor na rede social.” A minha opinião, o meu voto, não está pautado por nenhuma ameaça de vereador ou deputado. Se quiser publicar a minha foto, pode publicar. O meu melhor ângulo é esse aqui, oh! – mostrou Diel.
Desagradou até a "irador"
A performance de Marcon no podcast Tendel, na segunda-feira, desagradou também vereadores que lhe são mais próximos. O principal exemplo foi Velocino Uez (PRD). Uma parte da manifestação de Marcon no podcast descontentou especialmente Uez:
– Não gostei de ser apontado ontem (segunda-feira, no Tendel). Não gostei da expressão “deve uma vela pra cada santo.” Espero não perder a iração pela coragem de um colega nosso (Marcon). Nenhum (vereador) aqui dentro concorda com o valor dos funerais. ar para a população que quem não assina está a favor do monopólio? Gente, não é assim. Eu não devo vela pra ninguém.
