
O caxiense Alexandre Zanoni Rech, 55 anos, é bisneto de Arthur e filho de Carlos Rech, ou seja, integra a terceira geração no comando da Rech Seguros, uma das empresas mais antigas deste ramo na região. O negócio familiar, que completa 85 anos em 2021, começou como um agente da Companhia de Seguros Aliança, uma das mais antigas do Brasil, fundada em 1870.
Há dois anos, Alexandre assumiu em definitivo a Rech Seguros. Comanda a empresa junto com Carina Stange Camargo. Ela foi funcionária da empresa de 1999 a 2009 e retornou como sócia a convite de Alexandre.
Com o mercado de seguros no DNA da família, ele fez o primeiro curso de corretor de seguros em 1986 pela Funenseg (Fundação Escola Nacional de Seguros). Depois de se formar em Direito pela UCS, também fez pós-graduação em gerência de riscos e seguros pela Universidade de Salamanca, na Espanha. Mas Alexandre também tem outra paixão: a aviação. Atua como piloto de helicóptero. É pós-graduado em direito aeronáutico pela Universidade Anhembi-Morumbi, de São Paulo. A seguir, confira um pouco mais da história da família Rech no ramo de seguros.
Como surgiu a Rech Seguros?
Em 14 de agosto de 1936, o meu bisavô, enólogo, contador e representante comercial Arthur Rech foi nomeado agente da Companhia de Seguros Aliança da Bahia para Caxias do Sul e região. O convite veio do amigo Adelino Sassi – comerciante, industrial e político caxiense – que ou a representar outra companhia de seguros. Meu bisavô foi um dos organizadores da primeira Festa da Uva e já havia auxiliado várias cooperativas vinícolas a redigirem seus primeiros contratos sociais. Foi natural que as indústrias vitivinícolas se tornassem os primeiros clientes. Naquela época, a maioria dos seguros era para empresas a fim de assegurar prédios e imóveis contra possíveis incêndios. Galpões, máquinas, pipas de vinho, móveis e mercadorias eram os bens assegurados. Aos poucos, a carteira de clientes ganhou nomes como Cooperativa Garibaldi, Cooperativa Vinícola Aurora, Abramo Eberle, Gazola SA, Banco do Rio Grande e Recreio da Juventude.
E como foi a transição para a segunda geração?
Quando meu bisavô se aposentou, meu pai, Carlos Aldemir Rech, assumiu o trabalho, em um escritório na Rua Os Dezoito do Forte. Os tempos já eram outros, ele era técnico em contabilidade, teve que cumprir as exigências do mercado e fez um curso de corretor de seguros em Porto Alegre em 1966. Nos anos 1970, a corretora ainda representava a companhia baiana, mas foi expandindo a representação de novas seguradoras. Os seguros empresariais contra incêndios ainda eram a maioria. As apólices de seguros residenciais, automotivos e de transportes rodoviários foram aumentando gradativamente. A credibilidade e o contato direto com clientes garantiram a expansão da corretora ao longo do tempo. Nesse período, os seguros eram tarifários, ou seja, uma mesma tarifa determinava o valor dos seguros independentemente da seguradora – continuaria assim até a década de 1990. Meu pai tinha o livro da tarifa de seguros como sua “bíblia” e sabia, como poucos, utilizá-lo de forma ágil e correta.
E como foi tua caminhada até assumir o comando?
Desde que nasci eu vivi esse mundo de seguros. Meu início na empresa foi quando tinha 19 anos. Como tínhamos uma relação forte com a Companhia de Seguros Aliança, recebi a proposta de ir a São Paulo para estagiar três anos por lá e atuei em todas as áreas, de 1985 a 1988. Costumam dizer que São Paulo é o grande hospital do mercado de seguros, onde acontecem todas as situações, com todos os tipos de seguros e modalidades. Lembro que, quando voltei para Caxias, logo depois inauguraram o voo Caxias-São Paulo. Mas nunca mais me desliguei da cidade. Em 2008, voltei a morar em São Paulo. Continuei atuando com meu pai, mas em uma função istrativa e à distância. Foi em 2019 que retornei para Caxias. Meu pai sempre foi muito atuante, mas começou a ter problemas de saúde.
Com uma empresa de 85 anos, como é reviver as mudanças que o mercado de seguros atravessou ao longo do tempo, e como está sendo este momento após a pandemia?
O nosso cliente mais antigo é a Veronese – empresa fundada em 1911 – que extrai resíduos do processo de produção de vinhos e de suco de uva e transforma em insumos para a indústria de alimentos e bebidas. Eles estão desde o tempo que meu avô fundador, e enólogo, começou. Mas temos muitas empresas atendidas que têm mais de 60 anos. Começamos com uma seguradora, hoje trabalhamos com mais de 10 companhias. Temos mais de 2,1 mil clientes. Quando a Rech Seguros completou 60 anos, se mudou para a sede atual, na Rua Plácido de Castro. O início do século trouxe mudanças importantes para o setor. As apólices, antes datilografadas, aram por um processo de informatização. Os seguros de veículos estavam em franca expansão, as companhias de seguros aram a utilizar produtos e coberturas diferenciados. Hoje, clientes e até o público em geral têm à disposição um aplicativo para fazer cotações dos mais variados tipos de seguros. A consulta de apólice, pagamentos e contatos de assistência 24 horas estão disponíveis no app. Também estamos com uma maior demanda. Com todos os efeitos da pandemia, as pessoas estão modificando a necessidade de seguros. Há uma procura maior por seguro residencial, porque elas aram a trabalhar mais em casa, e também pelo seguro de vida. O risco real de morte fez elas se preocuparem mais em proteger suas famílias. Em geral, nosso perfil sempre foi muito de seguros empresariais, mas os pessoais vêm ganhando destaque. No início da pandemia, houve uma indagação a respeito da cobertura covid em seguros de vida. Hoje, as seguradoras estão pagando indenizações mesmo sendo covid. Também os seguros de viagem estão com esse entendimento. Quando começar a reabrir as fronteiras, as pessoas pretendem viajar. E, desde já, a preocupação delas é: e se eu pegar covid viajando? As seguradoras já estão prevendo isso.