Há apenas quatro coveiros nesses cemitérios. Antenagos Moreira de Jesus, 62, que trabalha no Cemitério Velho há 20 anos, é o coveiro mais velho e uma espécie de coordenador do time.
—Estamos aqui para ajudar as famílias. Acho que vamos dar conta, mas se forem enterros demais fico com medo que caia essa qualidade do nosso trabalho, que é o respeito com a dor e o tempo das famílias — disse.
Uma barragem da mineradora Vale se rompeu e outra transbordou na sexta-feira (25) em Brumadinho, cidade da Grande Belo Horizonte, liberando cerca de 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro no rio Paraopeba, que a pela região. Segundo o Governo de Minas, até as 9h deste domingo (27) haviam sido encontrados 37 corpos. Desses, 16 já foram identificados, segundo a Polícia Civil de Minas. Até o momento, foram resgatadas 192 pessoas pelos bombeiros. Há 287 desaparecidos.
A barragem 1, que se rompeu, é uma estrutura de porte médio para a contenção de rejeitos e estava desativada. Seu risco era avaliado como baixo, mas o dano potencial em caso de acidente era alto. Uma outra barragem, a de número 6, agora está sendo monitorada a cada hora pela Vale, junto com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros. Durante a madrugada, sirenes na cidade tocaram e os moradores foram evacuados. Pela tarde, as autoridades disseram que não havia mais risco de rompimento.
A Justiça mineira bloqueou R$ 5 bilhões da Vale para garantir auxílio às vítimas do desastre. Esse é o terceiro pedido de bloqueio de valores das contas da empresa. No sábado (26), o MP solicitou outros R$ 5 bilhões para reparação de danos ambientais. Um pouco mais cedo no mesmo dia, a Advocacia-Geral de Minas Gerais entrou com pedido de R$ 1 bilhão para prestar socorro às vítimas. Isso faz com que a Vale tenha, agora, R$ 11 bilhões bloqueados.