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Mas uma porção do terreno onde havia casas em Bento Rodrigues e parte de um muro histórico da cidade, construído em pedra por escravos no século 19, serão encobertas pela água.

Dique pode funcionar por cinco anos

A função dos diques é barrar a lama acumulada na região. A ideia é que filtrem a água, que seguiria com menos lama rio abaixo.

– O projeto é que o dique S4 funcione por um prazo de cinco anos – afirma Moreira. Depois, a obra seria retirada.

Moradores atingidos pela tragédia estão contrariados com a nova obra.

– Eles vão encobrir a cena do crime – afirma a auxiliar odontológica Mônica Santos, de 31 anos.

De moradora de Bento Rodrigues, ela virou ativista: milita contra a construção do dique, liberado, de forma emergencial, pelo governador Eduardo Pimentel (PT) antes de as licenças ambientais serem emitidas.

O argumento da Samarco é que 80% da lama que vazou da Barragem de Fundão, rompida em 5 de novembro de 2015, ainda está no trecho que vai dos resquícios da barragem até o encontro com o Rio Gualaxo. E algo precisa ser feito para que as chuvas de verão não espalhem ainda mais o lamaçal.

– Não existe isso de desmontar o dique. Se estão fazendo, vai ficar lá – rebate a moradora.

Os diques são apenas parte das obras em execução na região. Ao todo, são 12 trabalhos na área. As barreiras das barragens remanescentes estão sendo reforçadas, e o vale que um dia foi a planície de rejeitos de Fundão também está recebendo quatro diques.

Três vilarejos devem ser reconstruídos

Outra obra é a de reconstrução dos três vilarejos destruídos pela lama – além de Bento, Paracatu de Baixo, também em Mariana, e Gesteira, em Barra Longa.

A promessa é que as obras estejam prontas em 2019. Em Bento Rodrigues, o novo terreno está comprado. Nos demais, as áreas estão em negociação.O Estado viu um vídeo dos planos para o novo Bento, que ainda não foi apresentado para os moradores.

– O projeto está em desenvolvimento. Será construído em parceria com os moradores – diz Álvaro Pereira, coordenador de projetos da Fundação Renova, entidade criada pela Samarco para tratar do tema.

O vídeo começa com o fogão a lenha dentro de uma casa. Ao som de viola caipira e de galos cantando, a imagem vai se afastando para apresentar a nova vila. As ruas largas, com três faixas, e as árvores lembram um subúrbio americano. A condição para assistir a animação era que não fossem captadas imagens.

O novo Bento nas pranchetas terá três igrejas. Elas estão em ruas diagonais, que se encontram em um cruzeiro – também comum nas cidades do interior mineiro.

– Foi um pedido deles que as ruas se encontrassem em um cruzeiro – diz Pereira.

Terá também uma rua central, onde está prevista a área comercial.A expectativa é de que, decidido o desenho do vilarejo com os moradores, a Fundação e a definir o projeto de cada casa. A data exata de início das obras, no entanto, ainda não está definida.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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